domingo, 23 de agosto de 2009

Pensar

Dos 60 milhões de habitantes da Europa, 2 milhões sabem apenas decifrar o próprio nome, e menos de 500 mil sabem ler correntemente. Graças à imprensa, os letrados podem ter acesso a mais obras a preços módicos. Um saber até então recluso em alguns conventos e universidades começa a expandir-se; surgem bibliotecas nas casas da burguesia. Comerciantes, marinheiros, geógrafos, médicos, professores começam a pensar mais livremente e redescobrem, pasmos, o pensamento grego e latino repatriado de Bizâncio.
A reflexão filosófica separa-se então da devoção religiosa, a segunda realçando o inefável e a graça, a primeira a consciência e a razão.
O homem tem então o direito e o dever de compreender o mundo. É pelo saber que ele se realiza como criatura divina. O homem assume o lugar de criador do seu destino, livre, mestre em potencial do mundo, e não, como instrumento da vontade divina.
O poder vem do saber: qualquer comerciante que conheça o valor da informação e tenha descoberto a imprensa, tem que assinar embaixo dessa afirmação.Assim, ao aproximar-se o ano de 1492, em alguns círculos isolados de Florença, rasga-se o fatalismo. Surgem conceitos – indivíduo, arte, liberdade, responsabilidade, criação – novas versões de idéias da Grécia Antiga. A modernidade está a caminho.

Texto de Jacques Attali, no livro "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna". Attali é engenheiro de minas formado pela Escola Politécnica, diretor de estudos da Universidade de Paris, membro do Conselho de Estado da França e conselheiro especial do Presidente François Mitterand entre 1981 e 1991, quando assumiu a presidência do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. É autor de dezesseis livros.

2 comentários:

Gabriel Diniz 7ºG disse...

Olá Hélio, achei interessante, pois de um absurdo de anafalbetsmo completo, os livros, que vieram trazidos pela imprensa, foram muito bem utilizados, e difundindo idéias que até hoje são essenciais e respeitadas.
Gostei muito por saber que uma coisa que há de ser inventada pode mudar por completo a nossa vida, como a imprensa fez.

P.S.: Interessantemente, meu pai também se formou na EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo)!!


Gabriel Diniz 7ºG

Pedro Kiipper 7ºG disse...

Quando as pessoas sofriam com 0o anafalbetismo e muitas mal sabiam ler o proprio nome.
Entao a enprensa foi muito importante para ajudar as pessoas que tinham esses problemas
Concordo inteiramente com o Gabriel menos do fato de o pai dele estudar na EPUSP e o meu não
heheheh
Abraços Pedro Kiipper 7ºG