domingo, 31 de maio de 2015

Ainda o Jacques Le Goff e a Idade Média!

Segue a continuação do texto de Jacques Le Goff:

A Idade Média realizou uma curiosa combinação entre a diversidade e a unidade. A diversidade é o nascimento da França e da Alemanha, a partir do século IX, da Inglaterra, no final do século XI, e também da Espanha, quando Castela e Aragão se uniram pelo casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, no final do século XV. A unidade vem da religião cristã, que se impõe por toda parte.
Houve também a difusão do ensino. As universidades eram o lugar do ensino superior e, ainda hoje, em toda parte, ainda se configuram como o lugar onde este ensino é difundido. A Idade Média foi o período no qual surgiu e foi construída a Europa. Se cada período de civilização tem um papel, uma missão, no conjunto do desenvolvimento histórico, podemos dizer que a missão da Idade Média foi a de permitir o nascimento da Europa. Não é por acaso que o termo “Europa”, pouco freqüente nos escritos da Idade Média, surge na metade do século XV, no título de um tratado do Papa Pio II. Sob esse aspecto, podemos considerar que esse momento – o século XV – é um primeiro término da Idade Média.

Convido todos a confrontarem este texto com o de Eric Hobsbawm, historiador inglês, postado neste blog em 15/10/2008. É uma outra história da Europa.


Clica e vai!
Abraço.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Jacques Le Goff e a Idade Média

Aos alunos do 7º ano que estão estudando a Idade Média:

A seguir, uma edição, em duas partes, do último capítulo do livro "A Idade Média explicada aos meus filhos", do medievalista que é referência central da corrente historiográfica conhecida como "Nova História":


Para ler a imagem e a fonte, clique para ampliar

O NASCIMENTO DA EUROPA (Parte I)

A Idade Média é, portanto, um longo período: aqueles que não acreditam que ela se prolongue até o final do século XVIII, como eu penso, com o nascimento da indústria moderna e a Revolução Francesa, admitem, no entanto, geralmente, que ela se estenda por dez séculos, do V ao XV - mil anos!
Esse longo período conservou o nome que lhe foi dado pelo Renascimento e que tinha, no começo, um sentido pejorativo: vimos que algumas pessoas, ainda hoje, consideram a Idade Média como uma época cruel ou tenebrosa, ao mesmo tempo violenta obscura e ignorante. Sabemos, atualmente, que essa imagem é falsa, mesmo que tenha existido uma Idade Média da violência: não apenas conflitos e guerras entre grupos e países, mas violências contra judeus, com o começo do anti-semitismo, e repressão contra os rebeldes aos ensinamentos da Igreja, aqueles que eram chamados de “hereges”, por meio da Inquisição. As cruzadas, evidentemente, também fazem parte do balanço negativo.
Mas a Idade Média foi também, acho até que principalmente, um grande período criativo. Podemos ver isso nos domínios da arte, das instituições, sobretudo das cidades (por exemplo, nas universidades), ou ainda no campo do pensamento – a filosofia que chamamos de “escolástica” atingiu altos patamares do saber. Também vimos até que ponto a Idade Média criou “lugares de encontro” comerciais e festivos (as feiras, as festas), que continuam a nos inspirar.

Paro hoje por aqui. Já deu para reconhecer algumas idéias vistas em aula, não é?
Até o final da semana retomo esta escrita.
Abraço!