sábado, 15 de outubro de 2011

O Mestre ignorante e a escrita


A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à escritura. Escrevemos para transformar o que sabemos e não para transmitir o já sabido, disse o historiador Michel Foucault. Se alguma coisa nos anima a escrever é a possibilidade de que esse ato, essa experiência em palavras, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos para ser outra coisa, diferentes do que vimos sendo.

Também a experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o já sabido. Se alguma coisa nos anima a educar é a possibilidade que esse ato, essa experiência em gestos, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos, para ser outra coisa para além do que vimos sendo.

Quem sabe assim possamos ampliar nossa liberdade de pensar a educação e de nos pensarmos como educadores. Se a filosofia é um gesto que afirma sem concessões a liberdade de pensar, então nosso caminho é o de reconhecer o que ignoramos e desenvolver todas as conseqüências desse reconhecimento. Assim, alunos e mestres ignorantes poderão sempre partir em direção ao que os emancipa, ao que pode significar realmente a liberdade, à produção de um pensamento e de uma cultura que não podem ser colonizados por lógicas ligadas ao mercado, ao consumo, ou qualquer outra forma de doutrinamento.

A escrita pode ser esta tarefa, esta experiência intransferível que nos coloca diante do desafio de tornar público nosso modo de pensar, estando assim sujeitos à interlocução e às críticas.

Neste dia do professor escolhi “O mestre ignorante” para reler. O texto acima é, em parte, uma cópia adaptada da apresentação do livro de Jacques Rancière, escrita pelo filósofo Jorge Larrosa.  Senti vontade de partilhar com os alunos as preocupações de um professor-estudante, mas para isso usei as palavras de um Mestre.

Abraço!

Um comentário:

Anônimo disse...

Professor Hélio, aqui é a aluna Isabella Souza do 7 ano D. Que interessante esse texto, ótima escolha para postar no blog no dia dos professores! Concordo com o filósofo Jorge Larrosa, temos que compartilhar com todos o que sabemos e o que conhecemos para trazer para todos diferentes jeitos de pensar e novidades! Assim, podemos receber críticas construtivas e transformar o que pensamos em um pensamento com, além das nossas idéias, as idéias de todos. Isso é um gesto muito legal de se fazer, é exatamente o que você faz professor, você traz seus conhecimentos para nós alunos, e nós discutimos sobre o assunto, e quando mostramos outros pontos de vista em relação ao assunto, você pesquisa e traz pra gente.
Feliz dia dos professores!!! Abraços.