segunda-feira, 19 de maio de 2008

Entrevista com Umberto Eco

PERGUNTA - Além de sua avó, quem foram seus outros mestres?
ECO - O professor da escola primária aparece em meu romance "A Misteriosa Chama da Rainha Loana". Era um fascista que batia em seus alunos mais pobres. E, embora sempre tenha se comportado bem comigo, não era uma boa pessoa.
Em contrapartida, tive uma educadora fabulosa, embora por apenas um ano. Era a senhorita Bellini, que ainda vive. Tem 91 anos, e, cada vez que sai um livro meu, envio um exemplar a ela. Era uma grande educadora, nos estimulava a escrever, a contar, a sermos espontâneos, e foi uma das pessoas que mais exerceram influência sobre minha vida.
PERGUNTA - Raramente se fala do sr. como professor. O que aprendeu para ensinar?
ECO - Antes de mais nada, continuo a aprender. O primeiro curso que dei como professor foi sobre a poética. Eu conhecia o argumento, mas, ao começar a dar aula, me dei conta de que não sabia nada sobre o tema. Aprendi e continuo aprendendo. Quero dizer que minha relação com os alunos sempre foi uma relação de aprendizagem, porque, ensinando, eu também aprendia.
SOBRE A MEMÓRIA: Essa velocidade (da internet) vai provocar a perda de memória. E isso já acontece com as gerações jovens, que já não recordam nem quem foram Franco ou Mussolini! A abundância de informações sobre o presente não lhe permite refletir sobre o passado. Quando eu era criança, chegavam à livraria talvez três livros novos por mês; hoje chegam mil. E você já não sabe que livro importante foi publicado há seis meses. Isso também é uma perda de memória. A abundância de informações sobre o presente é uma perda, e não um ganho.

Umberto Eco, 76, é autor de "O nome da Rosa" e professor aposentado da Universidade de Bolonha, na Itália. Se você quiser ler esta entrevista inteira, acesse o arquivo da Folha de São Paulo de domingo, dia 11 de maio deste ano, no cardeno Ilustrada.

Griots: “Bibliotecas vivas”

Havia uma figura de destaque na corte africana do Mali, era o griot. Este deveria preservar e transmitir histórias, lendas e canções. Os griots eram capazes de contar com detalhes histórias que ouviram quando crianças. Havia também os que guardavam feitos de grandes guerreiros e batalhas emocionantes.

Os griots se tornavam professores dos filhos dos reis. Ensinavam as artes, o conhecimento das plantas, tradições e davam conselhos aos jovens príncipes. Umas das frases mais divulgadas pelos griots professores era: “Cada dia se aprende algo novo, basta saber ouvir”.

E hoje quem nos conta as histórias, lendas e canções? O que sabemos nós sobre a capacidade de ouvir para ver?

Adaptado de África Negra: O Império do Mali e o Reino do Kongo - Prof. Alfredo Boulos Júnior - USP

terça-feira, 13 de maio de 2008

Galileu, ex-herege, ganha estátua no Vaticano

Nunca é tarde. Depois de escapar por pouco da fogueira da Inquisição por ter defendido a tese de que a Terra girava em torno do Sol, o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) será, enfim, abençoado pela Igreja Católica, com uma estátua em sua homenagem nos jardins do Vaticano em 2009.
Galileu, que foi forçado a negar a tese heliocêntrica diante do tribunal do Santo Ofício, teve seu processo revisto 350 anos depois de sua morte, em 1992, quando a Igreja admitiu seu erro e absolveu o astrônomo. A inauguração da estátua de Galileu, em tamanho natural, no Vaticano, coincidirá com o Ano Internacional da Astronomia, proclamado pelas Nações Unidas, para comemorar os 400 anos da primeira utilização do telescópio para observar os astros, por Galileu, no verão de 1609.

Graziella Beting, para a Revista História Viva - 08/05/2008.

Você, aluno do 7º ano do Santa, pode relacionar esta matéria com algum conteúdo deste nosso bimestre. Mas nós não podemos esperar 350 anos!

Olhar para ler

"Ler bem é ver tudo aquilo que o texto mostra, e também adivinhar o que a literalidade do texto não mostra, isto é, a força que expressa... é contradizer os pontos de vista que nos mostram uma realidade plana, contradizer as perspectivas dogmáticas, que nos dão a realidade completamente esclarecidas e sem mistérios... Aprender a ler é habituar o olho à calma, à paciência, é precisamente o poder não querer, o poder contrariar a decisão."

Jorge Larrosa em "Nietzsche e a educação". Editora Autêntica, Belo Horizonte, 2005.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O irmão do Henfil

"É importante ver com os dois olhos, os dois lados,

para mudar a única realidade, a que temos."



Herbert de Souza - Betinho.