domingo, 29 de maio de 2011

Sobre a formação de Portugal e Espanha (parte II)


Fonte: McEvedy, Colin. Atlas da História Medieval. São Paulo: Cia das Letras, 2007.

Observando o mapa acima podemos conferir o avanço do Reino de Leão e Castela em direção ao sul da Península Ibérica, o que também acontece com o Reino de Aragão.


Note também que o território de Portugal se amplia bastante e chega ao limite meridional da península.


A Espanha vai concluir seu processo de unificação dos Reinos ao expulsar, em 1492, os árabes muçulmanos do território denominado no mapa de Granada. Este é também o ano em que Colombo cruza o Atlântico, em busca de um novo caminho para as Índias e descobre um novo continente...


A ideia mais forte até aqui, é a de que as lutas dos Reinos de Portugal, de Leão e Castela, e de Navarra e Aragão, pela Reconquista da Península Ibérica, foram determinantes para a formação e unificação dos Estados Modernos de Portugal e Espanha.


Gosto de pensar que é pela negação do elemento estranho (no caso, o muçulmano), que se formam os sentimentos de nacionalidade dos portugueses e espanhóis. Como já discutimos nas aulas, o conceito de nação tem a ver com um sentimento de pertencimento do indivíduo no grupo em que está inserido.
Me parece que esta tese se fortalece quando olhamos para os mapas postados aqui no blog. O que vocês acham?


Abraço,


Helio.

Sobre a formação de Portugal e Espanha (parte I)


Fonte: McEvedy, Colin. Atlas da História Medieval. São Paulo: Cia das Letras, 2007.

Como vimos em nossas aulas sobre o Islã, grande parte da Península Ibérica estava, desde o século VIII, dominada pelos muçulmanos. Na península, os cristãos ocupavam as terras do norte onde se formaram os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão.
Com as Cruzadas, a partir do século XI, a luta contra os mouros (nome pelo qual eram chamados os muçulmanos instalados na Península Ibéria) começou a ter resultado.
Esta luta, chamada de Reconquista, é o motor que movimenta a formação dos territórios de Portugal e Espanha. Pode-se dizer que é na luta contra os árabes muçulmanos que se fortalece um sentimento de identidade, por um lado, de portugueses e, por outro, de espanhóis.
O rei de Leão e Castela, em reconhecimento a um nobre que lutava contra os mouros, doa a ele o Condado Portucalense.Este nobre, Afonso Henriques, senhor do condado, que deveria obedecer as leis de suserania e vassalagem, revoltou-se contra seu suserano e declarou-se rei! No entanto, continuou a luta contra os mouros. Ajudado pelos soldados da Segunda Cruzada, que passava pelo litoral português, conseguiu libertar Lisboa dos muçulmanos e a cidade passou a ser a capital do Reino de Portugal.
O rei português controlou os nobres e aproximou-se dos burgueses, protegendo o comércio. Em meados do século XIII, Portugal estava completamente formado: a conquista do território terminara e o país era governado por um rei fortalecido. Nenhum monarca europeu, naquele momento, vivia uma situação igual.
Observe no mapa o processo de Reconquista: na primeira imagem os cristãos estão restritos ao norte da península; na segunda imagem, mais da metade do território foi conquistado. Já é possível localizar Portugal e as importantes cidades do Porto e de Lisboa.
Na próxima postagem, explico melhor a formação do Reino da Espanha.
Abraço!

terça-feira, 19 de abril de 2011

O marco fantástico de Marco Polo


Mapa retirado da revista CLIO – LA MUSA DE LA HISTORIA – Año 9 – número 108. Editada em Portugal. Clique no mapa para vê-lo ampliado.

No século XIII, a cidade de Veneza era a sede de uma poderosa República independente. Através de sua privilegiada posição geográfica, conquistou o monopólio das rotas comerciais do Mediterrâneo e do mar Negro. Naquela época, Veneza rivalizava com Gênova e a grande cidade a ser conquistada era Constantinopla, a capital do Império Bizantino, ponto comercial mais avançado no Oriente, onde mercadores cristãos adquiriram dos povos muçulmanos cobiçados produtos, como a seda, tapetes, porcelanas e especiarias.
Os venezianos fizeram uma aliança com os mongóis que eram tolerantes com os cristãos e temidos pelos árabes islâmicos. Marco Polo nasceu em uma família de mercadores venezianos. Seu tio, Mateus Polo, tinha uma casa de comércio em Constantinopla. Na companhia do tio e de seu pai, Nicolau Polo, o jovem Marco viajou para o Império de Catai (China), onde foi recebido pelo Imperador Kublai Khan. Durante 24 anos os três viajaram incessantemente pelo Oriente, cumprindo missões diplomáticas e administrativas confiadas a eles pelo próprio imperador.
Após a morte do Grande Khan, Marco retornou à sua terra natal, rico e famoso. Entrou para a marinha de Veneza e participou de uma guerra contra Gênova. Foi aprisionado pelos genoveses, onde conheceu um escritor chamado Rusticello. Este se tornou um grande amigo e organizou os relatos de Marco Polo num documento que foi, durante quase 600 anos, a única fonte de informações sobre o Oriente: O livro das Maravilhas. Marco Polo morreu em 1324, na mesma cidade em que nasceu. Pelos seus relatos fantásticos é possível dizer que teve uma vida cheia de encontros que deram a ele a possibilidade de ler o mundo como poucos.
Escrevo para vocês com o intuito de incentivá-los a ler o livro proposto, não por mim, mas pelas professoras de língua portuguesa dos sétimos anos: Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino. Nesta obra é possível ter contato com os relatos de Marco Polo, que nunca pretendeu atingir o rigor científico em seus relatos, mas deixar suas impressões em episódios fantásticos e irreais, que dão conta do seu deslumbramento diante de civilizações até então desconhecidas para os europeus.
Boa leitura!
Abraço!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quem tem medo do Islamismo?


Imagem da Caaba, em Meca.

A idéia de que o islamismo está associado à intolerância e à violência é contrariada pelo próprio significado do Islã, uma palavra que deriva de salaam, ou seja, paz, no idioma árabe.

Muçulmano é todo aquele que se submete voluntariamente à vontade de Deus e assim está em paz consigo mesmo, com a sociedade ao seu redor e com Deus. A primeira palavra que o muçulmano diz pela manhã é salaam e a saudação entre muçulmanos é Assalamu Alaikum (Que a paz esteja sobre vós!), com a resposta Alaikum Assalam (E sobre vós a paz!). A paz é o que norteia esta religião, e não a guerra, o terrorismo.

Depois de estudar o mundo árabe, no curso de história do 7º ano, você é capaz de explicar o que faz com que parte do mundo ocidental identifique o Islã como uma religião que promove a violência?

Vamos lá... faça tentativas na busca de uma escrita de sua autoria!

Abraço!

domingo, 13 de março de 2011

Diante da tragédia, a reflexão!


Foto: Arte/IG

Mais do que ver as imagens do Japão, é preciso trazer o debate para rotas de fuga no campo das idéias. Num momento como este, a tragédia de Lisboa, em 1775, nos vem à mente: assim como no Japão, ocorreu um grande terremoto seguido de um tsunami. Ondas de 20 metros de altura varreram a cidade. O norte da África também sofreu estragos naquela época. Os iluministas do século XVIII, preocupados com o uso da razão, debateram muito sobre como o homem teria responsabilidade ao romper a harmonia da natureza. Eles já pensavam e discutiam sobre o fato de que a natureza não construiu as cerca vinte mil casas de seis andares, que ruíram com o terremoto. Alguns achavam que, se as pessoas se organizassem e se tivessem consciência de seus limites humanos, poderiam minimizar os danos diante da força da natureza.
Parece que esta reflexão ficou no passado. Parece que pouca gente tenta fazer este debate nos dias de hoje. Como é possível que as sociedades de hoje construam grandes cidades nas bordas das placas tectônicas e ao redor de vulcões?
Assisti a um filme, na semana passada, em que um garoto americano que fazia trakking na região dos Cânions, nos E.U.A., diz a respeito das rochas e fendas do lugar o que parece que ninguém quer saber: “tudo está se movendo, sempre!”
O fundo dos mares são locais de grande atividade e mesmo assim os governos constroem usinas nucleares em locais de alto risco como esta que explodiu agora no Japão.
Mesmo sem Kant, Voltaire, Goethe ou Rousseau, que eram contemporâneos ao que ocorreu em Lisboa, precisamos ser capazes de propor outra reflexão que não seja somente a da cobertura espetacularizante que as televisões nos impõem. A cobertura dos acontecimentos é de 24 horas por dia e parece que isto dilui a nossa capacidade de pensar. Será então que não poderíamos saber que isto, mais cedo ou mais tarde, iria ocorrer? Vamos culpar a natureza? Vamos construir mais usinas nucleares e chamar de "limpa" a energia que elas produzem? Vamos ficar estarrecidos e surpresos, diante da medição da escala Richter e do número de vítimas? Será que podemos mesmo ocupar todo o planeta sem pagar este preço altíssimo que as cidades japonesas estão pagando agora?

Abraço!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Uma cidade no meio do mundo


A representação acima faz referência à cidade de Constantinopla. Clique com o mouse na imagem para ampliar. Você vai poder olhar para ver...

Constantinopla, centro político, religioso e econômico do Império Bizântino, é uma cidade cosmopolita. Nela, circulam mercadores e artesãos de diversas partes do mundo. Suas construções, como o palácio imperial, a catedral de Santa Sofia e o hipódromo (onde havia corridas de carros, caçadas simuladas, encenações dramáticas, torneios de cavaleiros) organizavam a vida da população da cidade, que no seu apogeu chegou a ter quase um milhão de habitantes.
Constantinopla é o oposto do que acontece na Europa ocidental cristã que, durante o feudalismo, vive o abandono das cidades, do comércio e da moeda.
As cidades vão ser importantes objetos de estudo no nosso curso de história. Espere um pouco... Ao avançarmos no tempo, veremos as cidades renascerem na Idade Média. Elas serão inovadoras, produzirão alguma igualdade e uma grande festa de trocas de todos os tipos. Assim como esta Constantinopla, que foi capital do Império Bizantino até 1453.
O historiador Jacques Le Goff, acredita que há mais semelhanças entre a cidade contemporânea e a cidade medieval do que entre a cidade medieval e a antiga. Você concorda? Tem alguma opnião sobre isso? Quer saber mais?
Converse aqui com a gente! Faça uma pergunta!
Desejo uma boa semana para todos!
Abraço!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento


Castelo de Montalegre, norte de Portugal. Construção de 1270, atribuído ao rei D. Henrique III.

"Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento".

Este pensamento é de um francês que viveu quatro anos na Resistência Francesa, lutando contra o nazismo, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seu nome é René Char.

Minha intenção com a frase de René Char, é convidá-los a pensar sobre a história que nos foi deixada como herança, e que, no entanto, temos poucas pistas do que fazer afinal com ela...

Nosso primeiro tema do ano é a Europa Medieval. Antes de falar da Europa faço a escolha de significar a Idade Média. Este período que tem seu início quando o último imperador romano é expulso de Roma e substituído por um rei bárbaro, Odoacro, em 476 depois de Cristo.

A bela Idade Média se estende por quase mil anos, é muitas vezes simbolizada por castelos como o de Montalegre, e tem seu término ligado à tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos, fato que incentiva os comerciantes europeus numa busca por rotas alternativas para acessar as riquezas que vinham do Oriente.

Vamos juntos, então, nos provocar mutuamente e inventar caminhos possíveis para tornar a história mais viva em nossas vidas?!

Se você tem dúvidas sobre o que leu aqui, faça uma pergunta na forma de um comentário. Eu terei prazer de conversar contigo neste espaço de encontro, que agora é nosso.
Que aqui tenhamos bons encontros!
Abraço!