domingo, 25 de setembro de 2011

Você conhece Neil Young?


Ouça a música de Neil Young, nesta interpretação de Grace Potter com o guitarrista Joe Satriani. Acompanhe a letra e, se tiver dúvida, leia a tradução a seguir. Tem tudo a ver com o processo histórico chamado de Conquista da América, que estamos estudando no curso do sétimo ano.
Este bloggeiro quer agradecer a colaboração da professora de inglês Mara, do Ensino Fundamental II e Médio, que revisou a tradução da letra da música.

Aumente o volume!


Cortez The Killer
He came dancing across the water
With his galleons and guns
Looking for the new world
In that palace in the sun.
On the shore lay Montezuma
With his coca leaves and pearls
In his halls he often wondered
With the secrets of the worlds.
And his subjects gathered 'round him
Like the leaves around a tree
In their clothes of many colors
For the angry gods to see.
And the women all were beautiful
And the men stood straight and strong
They offered life in sacrifice
So that others could go on.
Hate was just a legend
And war was never known
The people worked together
And they lifted many stones.
They carried them to the flatlands
And they died along the way
But they built up with their bare hands
What we still can't do today.
And I know she's living there
And she loves me to this day
I still can't remember when
Or how I lost my way.
He came dancing across the water
Cortez, Cortez
What a killer.

Cortez o assassino

Ele veio dançando sobre a água
Com seus galeões e armas
Procurando o novo mundo
Naquele palácio no Sol.

No litoral repousa Montezuma
Com suas folhas de coca e pérolas
Em seus salões, ele sempre ponderava
Sobre os segredos dos mundos.

E seus súditos se reuniam em volta dele
Como as folhas em torno de uma árvore
Em suas roupas de muitas cores
Para que os deuses zangados vissem.

E todas as mulheres eram lindas
E os homens de pé e fortes
Eles ofereceram a vida em sacrifício
Para que outras pessoas pudessem ir em frente.

O ódio era apenas uma lenda
E a guerra nunca foi conhecida
As pessoas trabalharam juntas
E levantaram muitas pedras.

Os levaram para a planície
E eles morreram ao longo do caminho
Mas eles construíram com as próprias mãos
O que nós ainda não podemos fazer hoje.

E sei que ela está vivendo lá
E me ama até este dia
Eu não consigo me lembrar quando
Ou como perdi meu caminho.

Ele veio dançando pela água
Cortez, Cortez
Que assassino.


sábado, 10 de setembro de 2011

Mais sobre a viagem de Colombo

Túmulo de Colombo - Catedral de Sevilha - O almirante é carregado pelos Reis de Castela, Leão, Aragão e Navarra.

Os livros didáticos não entram em determinados terrenos tortuosos da historiografia, como dúvidas e contradições ainda não tão bem resolvidas pelos historiadores. Os autores de livros didáticos procuram pontos pacíficos, relações de causa e efeito e lógicas bastante claras para que tenhamos respostas satisfatórias ao explicar como a história aconteceu.

Como resultado, algumas histórias interessantes ficam de fora do livro. Por isso, eu resolvi contar um pouco mais sobre a viagem de Colombo aqui mesmo, no blog.

Em 1493, no início do mês de março, na extremidade norte do reino de Castela, na entrada de Baiona, um pequeno porto de pesca de sardinhas, uma caravela de aparência judiada, com alguns danos fáceis de notar até para um não iniciado em navegação e trazendo a inscrição Pinta, avança na névoa e sob a garoa. Ao atracar, a nave comandada por Martín Alonso Pinzón é a única que voltara daquela expedição, que partiu no ano anterior, buscando alcançar as Índias pelo caminho do Oeste.

A Santa Maria encalhara nas Antilhas na noite de natal, e a Nina, a bordo da qual se encontrava o Almirante Cristóvão Colombo, desaparecera durante uma tempestade perto dos Açores, na noite de 14 para 15 de fevereiro. Dentro do Nina o desespero é grande e os marinheiros sorteiam aquele que, se Deus livrá-los do naufrágio, irá até o mosteiro de Guadalupe com uma vela de cinco libras. Colombo é o primeiro a tirar a sorte, extraindo do saco o grão-de-bico marcado; assim, será ele quem deverá cumprir a promessa.

Ao desembarcar, Pinzón enviou uma carta à corte para anunciar sua chegada e, como estava doente de sífilis (uma doença venérea contraída nas Antilhas), foi para sua terra natal, a Andaluzia.

Colombo chegou primeiro em Lisboa, cidade batizada como a Rainha do Tejo, de onde enviara uma mensagem a Isabel e Fernando, que estavam em Barcelona. Por isso, o reconhecimento de Colombo estava garantido. Ele não havia naufragado e as honras da descoberta não ficariam com Pinzón. Que talvez tenha desejado isso, por conta dos desentendimentos entre os dois navegadores pouco antes da chegada às novas terras.

Estas poucas curiosidades sobre a aventura de Colombo são uma forma de dizer para vocês que há um verdadeiro mar de histórias para saber sobre cada assunto que pode parecer encerrado no seu livro didático.

A pesquisa é o caminho para saber que, de verdade, sabemos muito pouco... Este texto foi escrito com base no livro “História do Novo Mundo”, de Carmen Bernard e Serge Gruzinski, publicado pela Editora da USP, em 1997.

Abraço!

Descoberta, encontro ou invasão: a questão do outro.


A ilustração faz referência a Cortéz e Montezuma

Para pensar sobre um termo mais apropriado ao se referir à chegada dos europeus no território que viria a ser chamado de América, uma questão se coloca como primordial: o olhar sobre o outro.
O historiador espanhol da conquista da América, Bartolomeu de Las Casas, colono que se converteu à causa dos ameríndios, é quem faz um alerta sobre o perigo de não se descobrir o outro: como o homem nunca está só, ele não seria o que é sem sua dimensão social.
O que será descoberto pelos europeus não é novidade para os nativos da América. Mas é sim um mundo novo, com o qual os europeus vão descobrir muitas possibilidades. No encontro entre o velho mundo e o novo essas possibilidades se multiplicam a cada dia e seriam mais proveitosas se deste encontro houvesse a compreensão, por parte dos europeus, que as diferenças não deveriam ser transformadas em uma hierarquia de quem domina sobre quem é subjugado.
O homem do século XVI não pôde se livrar de sua cultura que pressupunha apenas duas verdades: civilização e barbárie. Assim, ele se viu como aquele que deveria, pela força das armas, representar a civilização, a moral, a fé, e não escapou da ética mercantilista que o fez transpor tantas dificuldades e as incertezas do mar oceano, desconhecido até aquele momento.
Rapidamente o encontro se transformou em invasão. O outro, em inimigo. A terra, em conquista e colônia de exploração. O perigo para o qual Las Casas alertou se tornou realidade. O homem esqueceu sua dimensão social e, assim, o caminho para ele se conhecer foi mais difícil do que poderia ter sido se não jogasse fora séculos de cultura acumulada pelos Guaranis, Tupis, Astecas, Incas e Maias.
Espero ter ajudado nesta discussão começada em sala de aula, que tem a ver com a formação de uma identidade que ainda se busca forjar, dos povos descendentes deste encontro de dois mundos.
Abraço!

Colombo segudo Todorov


Em “A conquista da América – A questão do outro”, o historiador Tzvetan Todorov investiga as intenções de Cristóvão Colombo ao atravessar o Atlântico. Para tanto, ele nos trás informações sobre os escritos do diário do almirante genovês a serviço do reino da Espanha.
As primeiras impressões nos apontam caminhos que podem enganar os pesquisadores menos atentos: pode parecer que o motivo principal de Colombo é o desejo de enriquecer, sendo o almirante apenas mais um homem ambicioso, como a maioria dos outros navegadores. Mas Colombo, segundo Todorov, não era apenas mais um entre tantos.
Todorov lembra que não são os marinheiros os únicos que esperam enriquecer. Os mandatários da expedição, os reis de Espanha, não teriam se envolvido se não houvesse a promessa de lucro. Assim, Colombo se importa com a riqueza porque ela significa o reconhecimento de seu papel como descobridor e viabiliza o financiamento da viagem.
A intenção de Colombo é encontrar o Grande Can, ou imperador da China, cujo retrato inesquecível tinha sido deixado por Marco Polo. Segundo ele, o Grande Can há muito tempo gostaria de ter sábios para instruí-lo na fé de Cristo. Todorov conclui que Colombo quer realizar o desejo do imperador e cuidar da expansão do Cristianismo!
Para Todorov, a realidade deste projeto de Colombo está comprovada, pois em seu diário o almirante escreve que espera encontrar ouro em quantidade suficiente para que os reis possam, em menos de três anos, preparar e empreender a conquista da Terra Santa.
Você havia lido algo assim? Os livros didáticos não trazem, com muita freqüência, estas discussões. Mas a história pode não ser apenas o que encontramos nos livros didáticos e revelar um pouco do ofício do historiador é o que pretendo neste nosso espaço de discussão.
Abraço!