domingo, 7 de agosto de 2011

Uma geografia do conhecimento.


"A tipografia no México em 1539", gravura - Museu da Cidade do México.

As sedes tradicionais do conhecimento no mundo moderno eram o mosteiro, a universidade e o hospital. Logo o laboratório, a galeria de arte, a livraria, a taberna, a biblioteca, o anfiteatro, o escritório e o café ganharam importância para a produção do conhecimento.
A biblioteca aumentou de importância e de tamanho depois da invenção da imprensa. Mas elas eram centros de estudo e sociabilidade culta e, nestes locais de encontro e de trocas constantes, a exigência de silêncio era impossível e inimaginável!
Os espaços públicos de cidades como Veneza, Sevilha, Roma, Paris, Amsterdã e Londres, facilitavam a interação entre homens de ação e homens de conhecimento, entre nobres e artesãos, entre o trabalho de campo e o gabinete. Além de ligar a Europa à China ou às Américas: cidades asiáticas como Goa, Macau e Nagasaki, cidades americanas como Lima e Cidade do México, e as cidades européias já citadas aqui, configuravam redes de longa distância nessa história do conhecimento nos primórdios do mundo moderno.
Muitas vezes, porém, o que se entendia era um fluxo de informação e conhecimento da Europa para as outras partes do mundo, num modelo de direção centro-periferia, que fazia questão de ignorar os fluxos de conhecimento da periferia para o centro.
Estamos prestes a fazer um estudo de meio que pode nos deslocar de uma posição de centro, se pensarmos São Paulo como grande produtora de conhecimento. Nossa ida a outras cidades nos dá possibilidade de captar o fluxo da periferia para o centro!
Temos a oportunidade de tentar entender a produção da memória nestas cidades por meio do que são suas marcas de um determinado passado. Nosso desafio é localizar a geografia do conhecimento que produziu o que está hoje diante dos nossos olhos. Vai ser preciso olhar para ver!
Este texto foi produzido a partir da leitura do livro “Uma história social do conhecimento”, do historiador Peter Burke*, disponível na biblioteca do Colégio Santa Maria.

Abraço e boa viagem!

*Peter Burke é professor de História da Cultura na Universidade de Cambridge e escreve mensalmente para a seção “Autores” do suplemento “Mais!”, do jornal Folha de São Paulo.