Acreditem: a África do Sul ainda é muito dividida. Depois de vencida a divisão institucionalizada, que dava direitos aos brancos e limitava o acesso dos negros e "outras raças" ao trabalho, moradia, uso da terra, educação, serviços de saúde e representação política, resta ainda uma divisão que conhecemos bem aqui no Brasil - a divisão social que ainda mantém a maioria dos negros na periferia do sistema capitalista.
O que vocês não vão ouvir nos telejornais, é que Nelson Mandela se revoltou contra o sistema imposto e se tornou o primeiro comandante de um partido que adotou a luta armada como instrumento de resistência ao regime, em 1961. Ele foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua por alta traição.
Na foto acima, o homem sul-africano comemora a notícia da libertação de Mandela em 11 de fevereiro de 1990. Era a senha para democratizar o país nos anos seguintes.
Mandela é um ícone da luta pelos Direitos Humanos, que em determinado momento tomou medidas radicais, endureceu sua forma de luta, mas sem perder a crença num novo homem capaz de entender as diferenças sem convertê-las em desigualdades.
É por isso, que hoje podemos saudar a Copa do Mundo na África, não como uma guerra entre as seleções dos países como alguns obtusos narradores de televisão querem que a entendamos, mas como um momento de congraçamento entre diferentes povos.
A Copa do Mundo não determina quem é o melhor no futebol. Trata-se de um torneio de sete jogos para quem chega à final. Sua impotârncia é muito maior: é política, e por isso mesmo vale parar o que estamos fazendo para refletir sobre ela.
Vamos aproveitar, vamos curtir a Copa do Mundo de 2010!