domingo, 30 de agosto de 2009

O Cabo do Bojador


Em 1434, após diversas tentativas, Gil Eanes, como vocês sabem, conseguiu finalmente atravessar o Cabo do Bojador. Uma verdadeira façanha, pois naquela região as correntes marítimas e ventos contrários eram terríveis, além dos frequentes nevoeiros. Acreditava-se que ali era a temida entrada do Mar Tenebroso.
Outros afirmavam tratar-se da "beirada do mundo", onde correntes terríveis lavariam as embarcações para o abismo. Diziam que aquele que se arriscasse além do Bojador nunca mais retornaria.
Gil Eanes não só atravessou o Cabo do Bojador, como descobriu que do outro lado não havia mistério nenhum, e sim algumas riquezas. Logo retornou com a boa nova de que, para efeitos de navegação, o mundo não acabava ali. Outras partes do continente africano passaram a figurar nos mapas europeus.
O infante D. Henrique ordenou então que suas caravelas fossem armadas para a paz e para a guerra a Guiné, em busca de cristãos e especiarias. Cristãos porque o infante desejava encontrar o lendário reino cristão de Preste João, que se imaginava estar situado na "Índia africana" (Etiópioa), para uma aliança contra os muçulmanos. Especiarias porque procurava um acesso a esses produtos sem passar pelos inconvenientes mercadores chineses, árabes, persas e genoveses que controlavam as rotas tradicionais.
Este post é dedicado aos meus bravos alunos-estudantes, que pesquisaram sobre o Cabo do Bojador, atendendo a um pedido deste professor-blogueiro!
O texto acima foi adaptado do livro "Ritmos da História", do historiador Flávio de Campos, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo, e de quem tive o prazer de ser aluno.

domingo, 23 de agosto de 2009

Portugal e o Pessoa



"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!



Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
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Fernando Pessoa - "Mar Português"


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Você sabe o que é o Bojador? Houve um navegador chamado Gil Eanes, português, escudeiro do Infante D. Henrique, que pela primeira vez passou além do cabo Bojador, diminuindo o terror supersticioso que havia em torno dele e, iniciando assim, a época dos grandes Descobrimentos (1434). Fica como tarefa para você descobrir onde fica este tal Bojador. Procure esta informação e a traga para sala de aula. Sobre D. Henrique - “O navegador” - é preciso dizer que ele foi o iniciador do grande ciclo dos descobrimentos portugueses. Possuía temperamento místico, introvertido, toda a sua vida foi dedicada a preparar a grandeza futura das navegações portuguesas. Foi a grande figura da tomada de Ceuta, em 1415, quando o pai o fez cavaleiro e duque de Viseu. A partir daí começou a mandar expedições que iniciaram a exploração da costa da África. Dessa forma, se iniciou o povoamento das ilhas da Madeira, dos Açores e a exploração da costa africana.
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Os comerciantes europeus se instalaram nos portos do Mediterrâneo Oriental. Havia nesses lugares a proteção dos governos locais. O capital acumulado pelos negócios, muitas vezes resultou na fundação de bancos. E o que antes era uma iniciativa individual dos comerciantes, passou a contar com o apoio do poder público. Os bancos italianos passaram a emprestar dinheiro a juros aos reis, imperadores, príncipes, nobres e outros mercadores. Surgiram também companhias de comércio, como a Companhia das Índias Ocidentais. Esta vai ter grande importância e influência no comércio que vai surgir, posteriormente, no Brasil.
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Procure saber mais sobre a W.I.C. (Western Indian Company), e crie um pequeno texto sobre ela – você poderia postar o que conseguiu aqui no blog .
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Abraço, boa semana e bom trabalho!

Pensar

Dos 60 milhões de habitantes da Europa, 2 milhões sabem apenas decifrar o próprio nome, e menos de 500 mil sabem ler correntemente. Graças à imprensa, os letrados podem ter acesso a mais obras a preços módicos. Um saber até então recluso em alguns conventos e universidades começa a expandir-se; surgem bibliotecas nas casas da burguesia. Comerciantes, marinheiros, geógrafos, médicos, professores começam a pensar mais livremente e redescobrem, pasmos, o pensamento grego e latino repatriado de Bizâncio.
A reflexão filosófica separa-se então da devoção religiosa, a segunda realçando o inefável e a graça, a primeira a consciência e a razão.
O homem tem então o direito e o dever de compreender o mundo. É pelo saber que ele se realiza como criatura divina. O homem assume o lugar de criador do seu destino, livre, mestre em potencial do mundo, e não, como instrumento da vontade divina.
O poder vem do saber: qualquer comerciante que conheça o valor da informação e tenha descoberto a imprensa, tem que assinar embaixo dessa afirmação.Assim, ao aproximar-se o ano de 1492, em alguns círculos isolados de Florença, rasga-se o fatalismo. Surgem conceitos – indivíduo, arte, liberdade, responsabilidade, criação – novas versões de idéias da Grécia Antiga. A modernidade está a caminho.

Texto de Jacques Attali, no livro "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna". Attali é engenheiro de minas formado pela Escola Politécnica, diretor de estudos da Universidade de Paris, membro do Conselho de Estado da França e conselheiro especial do Presidente François Mitterand entre 1981 e 1991, quando assumiu a presidência do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. É autor de dezesseis livros.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O despertar da liberdade

Quando, em 1434, um tipógrafo de Nuremberg, de nome Johanes Gensfleish - que logo será chamado de Gutenberg - dá os últimos retoques na primeira prensa de impressão com caracteres móveis, sua invenção passa desapercebida.
Quando, em 1441, ele a aperfeiçoa graças a uma tinta que permite imprimir os dois lados do papel, ainda ninguém diz nada.
Quando, em 1448, junto com dois sócios, ele substitui os caracteres de madeira por metálicos, ninguém se interessa por isso.
Em 1455, quando ele imprime uma Bíblia, nenhum eco. Quando, em 1457, publica o primeiro livro impresso - O Salmista de Mogúncia - tudo começa a ser divulgado. É um novo objeto fabricado em série, o primeiro objeto nômade: o livro impresso. Em 30 anos ele revolucionará a sociedade européia.
A Igreja acha que ele favorecerá o latim e a difusão da fé cristã. Nomeia-o "coroa de todas as ciências", arte divina, escolhido pelo "Eterno para encontrar o povo e dialogar com ele". De fato, as duas obras mais impressas na Europa até o final do século, especialmente em 1492, são a Bíblia e uma gramática latina redigida na França.
No entanto, a imprensa rapidamente escapa dos seus primeiros mestres e se torna o instrumento dos civis contra os religiosos, das línguas vernáculas contra o latim, da ciência contra a fé. Em dez anos, comerciantes e intelectuais criam tipografias por toda parte. Em 1480, já existe mais de uma centena na Europa. Dez milhões de exemplares de 40 mil títulos vão sair das prensas. Isto torna possível a circulação de textos filosóficos. Ao estimular a literatura de viagem, o livro fornece as bases dos descobrimentos; ao favorecer as línguas nacionais, conduz ao abandono do latim e ao despertar dos nacionalismos.
Outra invenção das grandes, completamente desapercebida, acelera o desenvolvimento da leitura: os óculos. Os primeiros datam de 1285, quando vidraceiros italianos constatam que os vidros convexos corrigem a visão dos idosos. Em meados do século XV, aparecem também os óculos para miopia...

Texto extraído do livro de Jacques Attali: "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna", da editora Nova Fronteira.
Amanhã vou postar aqui mais um trecho do livro. Vai ser bacana, pois o título será também um convite: "Pensar".

Abraços,
Helio.

Possibilidades de ação

Olá!

Quero apresentar para vocês uns links de entidades, das quais podemos todos participar tomando conhecimento de suas ações e, sempre que possível, atuando também!

http://www.br.amnesty.org/ - Anistia Internacional

http://www.soudapaz.org/ - Instituto Sou da Paz

http://www.institutoninarosa.org.br/ - Instituto Nina Rosa

Clica e vai!

Abraço,
Helio.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma bomba a explodir dentro de nós

Nosso direito acaba com o início do direito do outro. Talvez seja por isso que expressões naturais como a alegria e a plenitude sejam tão louvadas e respeitadas pela sociedade. Mas expressões como a raiva e o ódio são desencorajadas e contidas.
A questão é: será que uma risadinha e uma careta irônica não são tão fortes como um soco, um chute ou um xingamento explícito? Claro que sim (na minha opinião), e o grande problema é: como será a reação das pessoas que sofrem com o bullying, por exemplo?
É aí que a discussão se acende. Um ato de “violência sutil” pode acarretar atos de violência corporal. Os exemplos nós já cansamos de ouvir, mas o que será que passa pela cabeça de uma pessoa violenta? Rancor, impotência, ódio, vontade de se vingar? Esses são os frutos de certo descaso com o indivíduo e da blindagem do provocador.
A violência é dolorosa tanto para quem a recebe quanto para quem a comete. Talvez, conter não seja o melhor método para aplaca-la, e sim tentar ajudar a pessoa que está prestes a soltá-la, tentar entendê-la. E, assim, ajudar o grupo e cada indivíduo.
Pois cada um tem uma pequena bomba, que pode explodir se não houver um mudança para melhor.

Texto do João Pedro Borges Santos, aluno do 7º C. Fica aqui o meu convite para que os demais dialoguem com a escrita do colega.

Abraço!

domingo, 9 de agosto de 2009

Aventurar-se é preciso!

Os italianos tinham a tradição. Eram navegadores há muito tempo, seus pilotos e mapas eram muito respeitados. Mas os portugueses e espanhóis é que foram "empurrados" em direção ao Atlântico.

O caso de Portugal é emblemático: expandiu-se devido à pobreza agrícola! Na agricultura vivia apenas da produção de vinho e azeitonas, isto porque não havia muito mais o que fazer em suas terras pouco férteis.

Havia, além da produção de sal e a pesca, uma nobreza persistente, ambiciosa e ávida por uma solução para a falta de terras. O comércio com as Índias transformou-se no alicerce da economia do Estado Moderno português. As dificuldades para manter este comércio, desde a tomada de Constantinopla pelos turcos, era um problema de difícil solução.

A saída foi então o Atlântico e as aventuras marítimas...

Do que você leu e estudou até aqui, é possível se aventurar e nos dar mais alguma informação sobre as Grandes Navegações?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ponto de partida

Olá meninos e meninas,

Nestes tempos de "gripe suína", nosso encontro presencial de hoje foi adiado. Mesmo assim, preciso registrar o seguinte:

Colombo partiu do porto de Palos, na costa mediterrânea da Espanha em três de agosto de 1492 – esta data faz este breve post ser especial, afinal hoje é três de agosto!

Após uma viagem difícil chegou às Ilhas Canárias, onde fez uma longa escala para reparar os navios.

Este é, sem dúvida, um ponto de partida importante para os estudos que vem a seguir...

Abraço!