Neste último mês de trabalho, um estudo sobre a obra de Bartolomé de Las Casas nos colocou em contato com um testemunho de época bastante indignado. Talvez igualmente comprometido com uma visão de mundo tomada pelo cristianismo, pela sua datação, pela total parcialidade do relato. Há em Las Casas pouca discussão. Ele não busca explicações. Ele acredita que elas não existam de forma justa. Sua função é dar voz a quem ele entende que não teve oportunidade nenhuma de falar: os ameríndios.
Por tudo isso, vale ler "O Paraíso Destruído". Por isso também, vale ler o texto que vem a seguir: trata-se de um recorte que fiz de um capítulo do livro "Pessoas Extraordinárias", do historiador Eric Hobsbawm, e que vamos comentar durante esta semana de trabalho que começa amanhã. Boa leitura!
O VELHO MUNDO E O NOVO: QUINHENTOS ANOS DE COLOMBO
No início de 1992, pediram-me no México para assinar um protesto contra Cristóvão Colombo, em nome das populações nativas originais das ilhas e dos continentes americanos, ou melhor, de seus descendentes. Compreendo os sentimentos que inspiram tais gestos, e sou solidário, mas pareceu-me, e parece-me, que o único objetivo de protestar contra algo que aconteceu há meio milênio é conseguir um pouco de publicidade para a causa de 1992, em vez de para a de 1492. As conseqüências das viagens de Colombo e de seus sucessores são irreversíveis. Os sofrimentos impostos aos americanos nativos ou aos africanos importados são inegáveis e não podem ser anulados em retrospecto. Não se pode negar que o impacto da conquista e da exploração sobre as populações foi catastrófico. Não obstante, não podemos anular a história, mas apenas lembra-la, esquece-la ou inventa-la. Todos os que vivem nas Américas hoje, foram moldados pelos quinhentos anos que decorreram desde a viagem de Colombo. Mas também o foram todos os do Velho Mundo, embora de maneira raras vezes consciente.
A contribuição mais importante das Américas ao Velho Mundo foi distribuir pelo globo uma cornucópia de produtos selvagens e cultivados, especialmente plantas, sem as quais o mundo moderno tal como o conhecemos não seria concebível. Pode-se argumentar que isso não tem nada a ver com cultura. Mas o que cultivamos e comemos, sobretudo quando há um novo tipo de víveres desconhecido em nosso cotidiano, ou mesmo uma forma completamente nova de consumo, deve influenciar, pode até transformar, não só o nosso consumo, mas o modo como vivenciamos outros assuntos. Considerem-se apenas os víveres básicos. Quatro dos sete produtos agrícolas mais importantes no mundo de hoje são de origem americana: a batata, o milho, a mandioca e a batata doce. (Os outros três são o trigo, a cevada e o arroz).
(…)
Mas, e os produtos do Novo Mundo que não foram meros substitutos de coisas já consumidas no Velho Mundo, mas abriram novas dimensões, novos estilos sociais? Chocolate, tabaco, cocaína? Ou que se tornaram ingredientes básicos de novidades como o chiclete, a Coca-Cola (mesmo que tenha tirado a cocaína de sua composição original) e a tônica do gim-tônica? E as significativas contribuições à farmacopéia médica do mundo, como o quinino, durante muito tempo a única droga capaz de controlar a malária? E os girassóis que Rembrandt e Van Gogh pintaram, os amendoins sem os quais a sociabilidade ocidental moderna seria incompleta - para não mencionar seu uso mais prático como fonte importante de óleos vegetais?.
(…)
Em suma: estamos falando de produtos do Novo Mundo que eram desconhecidos e impossíveis de se conhecer antes da conquista das Américas, mas que transformaram o Velho Mundo de maneira imprevisível e profunda.
O que quero enfatizar é que esses produtos não foram simplesmente “descobertos” pelos europeus, e menos ainda procurados deliberadamente, da maneira como os conquistadores procuravam ouro e prata. Eram produtos conhecidos, colecionados, sistematicamente cultivados e processados pelas sociedades indígenas. Os conquistadores e os colonos aprenderam a prepará-los e usá-los nessas sociedades locais. Na verdade, teria sido difícil ou talvez impossível sobreviver, caso os colonos não tivessem aprendido com os nativos. Até hoje a grande festa simbólica, o dia de Ação de Graças, registra a dívida dos primeiros colonos para com os índios, os quais a civilização branca subseqüente se encarregou, em troca, de expulsar. (…)
Meu argumento é que o verdadeiro significado e natureza do encontro de culturas, inaugurado quando Colombo aportou nas primeiras ilhas do Caribe, não pode ser entendido comente em termos de história convencional. Se perguntarmos o que a Europa conseguiu com a conquista do Novo Mundo, a resposta óbvia é a expansão de alguns países no lado ocidental do continente, por meio do governo imperial, da riqueza extraída do trabalho dos índios e dos africanos, e do povoamento de migrantes e colonos provenientes de países da Europa, ao estabelecerem novas Castelas, novos Portugais e, mais tarde, novas Inglaterras. É significativo que a data da descoberta da América por Colombo seja também a data da conquista de Granada e da expulsão dos judeus da Espanha. O ano de 1492 marca o início da história mundial eurocêntrica, da convicção de que uns poucos países europeus centrais e ocidentais estavam destinados a conquistar e governar o globo, a euro-megalomania.
Mas outras consequências diretas da conquista e da colonização das Américas ainda estão conosco. Não pertencem a homens famosos nem a governos. Mas transformaram o tecido da vida européia para sempre. E também a de outros continentes. Quando a história econômica, social e cultural do mundo moderno for escrita em termos realistas, a conquista do Sul da Europa feita pelo milho, do Norte e Leste da Europa pela batata, e das duas regiões pelo tabaco, e mais recentemente pela Coca-Cola, parecerá mais proeminente do que o ouro e a prata em nome dos quais as Américas foram subjugadas.
HOBSBAWM, Eric. O velho mundo e o novo: quinhentos anos de Colombo. IN: Pessoas extraordinárias: resistência, rebelião e jazz. São Paulo: Paz e Terra, 1998. p. 405-414.
domingo, 6 de dezembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
Prova da UNESP traz questões que você pode resolver!
A Unesp (Universidade Estadual Paulista) aplicou neste domingo (8) a prova da primeira fase de seu vestibular 2010. O curso e colégio Objetivo elaborou a correção comentada do exame, que foi encerrada às 22h03.
Resolvi postar duas questões aqui, para você ver como o bicho que parece que tem sete cabeças, só tem oito! Brincadeira...
Agora falando sério: leia estas questões e veja como é bem possível resolvê-las a partir do conteúdo que estudamos no nosso curso de história.
(UNESP-2010) A propósito da expansão marítimo-comercial européia dos séculos XV e XVI pode-se afirmar que:
(A) a igreja católica foi contrária a expansão e não participou da colonização das novas terras.
(B) os altos custos das navegações empobreceram a burguesia mercantil dos países ibéricos.
(C) a centralização política fortaleceu-se com o descobrimento das novas terras.
(D) os europeus pretendiam absorver os princípios religiosos dos povos americanos.
(E) os descobrimentos intensificaram o comércio das especiarias no mar mediterrâneo.
Resolução: O grande desenvolvimento do comércio resultante da expansão marítima européia permitiu aos reis aumentarem sua arrecadação de tributos, permitindo-lhes fortalecer o próprio poder e consolidar o absolutismo. (C)
(UNESP-2010)
(...) como puder, direi algumas coisas das que vi, que , ainda que mal ditas, bem sei que serão de tanta admiração que não se poderão crer, porque os que cá com nossos próprios olhos as vemos não as podemos com o entendimento compreender.
(Hernán Cortés. Cartas de Relación de la Conquista de Mexico, escrituras de 1519 a 1526.)
O processo de conquista do México por Cortés estendeu-se de 1519 a 1521. A passagem acima manifesta a reação de Hernán Cortés diante das maravilhas de Tenochtitlán, capital da Confederação Mexica. A reação dos europeus face ao novo mundo teve, no entanto, muitos aspectos, compondo admiração com estranhamento e repúdio. Tal fato decorre:
(A) do desinteresse dos conquistadores pelas riquezas dos Astecas.
(B) do desconhecimento pelos europeus das línguas dos índios.
(C) do encontro de padrões culturais diferentes.
(D) das semelhanças culturais existentes entre os povos do mundo.
(E) do espírito guerreiro e aventureiro das nações européias.
Resolução: A conquista dos impérios pré-colombianos pelos espanhóis significou, entre outros aspectos, um choque de civilizações que pouco tinham em comum – o que resultou no esmagamento de uma pela outra. (C)
Resolvi postar duas questões aqui, para você ver como o bicho que parece que tem sete cabeças, só tem oito! Brincadeira...
Agora falando sério: leia estas questões e veja como é bem possível resolvê-las a partir do conteúdo que estudamos no nosso curso de história.
(UNESP-2010) A propósito da expansão marítimo-comercial européia dos séculos XV e XVI pode-se afirmar que:
(A) a igreja católica foi contrária a expansão e não participou da colonização das novas terras.
(B) os altos custos das navegações empobreceram a burguesia mercantil dos países ibéricos.
(C) a centralização política fortaleceu-se com o descobrimento das novas terras.
(D) os europeus pretendiam absorver os princípios religiosos dos povos americanos.
(E) os descobrimentos intensificaram o comércio das especiarias no mar mediterrâneo.
Resolução: O grande desenvolvimento do comércio resultante da expansão marítima européia permitiu aos reis aumentarem sua arrecadação de tributos, permitindo-lhes fortalecer o próprio poder e consolidar o absolutismo. (C)
(UNESP-2010)
(...) como puder, direi algumas coisas das que vi, que , ainda que mal ditas, bem sei que serão de tanta admiração que não se poderão crer, porque os que cá com nossos próprios olhos as vemos não as podemos com o entendimento compreender.
(Hernán Cortés. Cartas de Relación de la Conquista de Mexico, escrituras de 1519 a 1526.)
O processo de conquista do México por Cortés estendeu-se de 1519 a 1521. A passagem acima manifesta a reação de Hernán Cortés diante das maravilhas de Tenochtitlán, capital da Confederação Mexica. A reação dos europeus face ao novo mundo teve, no entanto, muitos aspectos, compondo admiração com estranhamento e repúdio. Tal fato decorre:
(A) do desinteresse dos conquistadores pelas riquezas dos Astecas.
(B) do desconhecimento pelos europeus das línguas dos índios.
(C) do encontro de padrões culturais diferentes.
(D) das semelhanças culturais existentes entre os povos do mundo.
(E) do espírito guerreiro e aventureiro das nações européias.
Resolução: A conquista dos impérios pré-colombianos pelos espanhóis significou, entre outros aspectos, um choque de civilizações que pouco tinham em comum – o que resultou no esmagamento de uma pela outra. (C)
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Índios brasileiros foram foco de estudo de Lévi-Strauss
É uma triste coincidência: bem nos dias que estamos voltando nosso olhar sobre os índios brasileiros, eles viram capa dos principais jornais devido à morte de Claude Lévis-Strauss.
Veja abaixo, um pouco da repercussão na Folha de São Paulo de hoje sobre o assunto.
"O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss [pronuncia-se Clôde Lêvi Strôss] morreu na madrugada do último sábado para domingo, a menos de um mês do seu 101º aniversário. O funeral e enterro do antropólogo já foram realizados discretamente, a pedido da família, que não queria a presença da imprensa.
Filho de franceses, o antropólogo nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1908. Tímido, era apaixonado por música clássica, especialmente óperas. Lévi-Strauss lançou as bases da antropologia moderna.
Partiu de Marselha, em 1935, em direção a um Brasil desconhecido. Em 1936, pesquisou os caudiuéus e os bororo e, em 1938, os nambiquara.
O antropólogo participou do grupo de professores franceses que ajudou a criar, nos anos 30, a Universidade de São Paulo, símbolo de certa modernidade brasileira e ainda hoje a melhor instituição de ensino e pesquisa no país.
O contato de Lévi-Strauss com diferentes populações indígenas do país, em expedições ao então remoto oeste brasileiro na segunda metade da década de 1930, forneceram material rico, bom para pensar, que contribuiria decisivamente para sua obra futura.
Esse "Brasil" com que tanto aprendeu Lévi-Strauss é constituído justamente pelos brasileiros que, ao longo de todo o século 20, o país teimou em esconjurar, em negar -o Brasil das dezenas de grupos indígenas que não desapareceram e que, pesquisas demográficas recentes demostram, voltou a crescer e está aí para ficar."
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS.
RAFAEL CARIELLODA
REPORTAGEM LOCAL
Veja abaixo, um pouco da repercussão na Folha de São Paulo de hoje sobre o assunto.
"O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss [pronuncia-se Clôde Lêvi Strôss] morreu na madrugada do último sábado para domingo, a menos de um mês do seu 101º aniversário. O funeral e enterro do antropólogo já foram realizados discretamente, a pedido da família, que não queria a presença da imprensa.
Filho de franceses, o antropólogo nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em 1908. Tímido, era apaixonado por música clássica, especialmente óperas. Lévi-Strauss lançou as bases da antropologia moderna.
Partiu de Marselha, em 1935, em direção a um Brasil desconhecido. Em 1936, pesquisou os caudiuéus e os bororo e, em 1938, os nambiquara.
O antropólogo participou do grupo de professores franceses que ajudou a criar, nos anos 30, a Universidade de São Paulo, símbolo de certa modernidade brasileira e ainda hoje a melhor instituição de ensino e pesquisa no país.
O contato de Lévi-Strauss com diferentes populações indígenas do país, em expedições ao então remoto oeste brasileiro na segunda metade da década de 1930, forneceram material rico, bom para pensar, que contribuiria decisivamente para sua obra futura.
Esse "Brasil" com que tanto aprendeu Lévi-Strauss é constituído justamente pelos brasileiros que, ao longo de todo o século 20, o país teimou em esconjurar, em negar -o Brasil das dezenas de grupos indígenas que não desapareceram e que, pesquisas demográficas recentes demostram, voltou a crescer e está aí para ficar."
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS.
RAFAEL CARIELLODA
REPORTAGEM LOCAL
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
Olá meninos e meninas,
Por conta dos nossos estudos sobre as populações indígenas no Brasil, reproduzo aqui um texto do CIMI, sobre o apoio dos Kaiowá Guarani à causa da demarcação das terras da Raposa Serra do Sol, em Roraima.
E para quem quiser saber mais sobre o CIMI ou sobre questões relativas às lutas dos povos indígenas e o papel da Igreja Católica nesta luta é só acessar http://www.cimi.org.br/ - clica e vai!
26/08/2008 - 15:04 - Dos Kaiowá Guarani do Mato Grosso do Sul
Carta de apoio aos parentes da Raposa Serra do Sol – Roraima
UNIDOS PELO SOFRIMENTO, LUTA E ESPERANÇA
Se mais de três mil quilômetros nos separam, mais de cinco séculos de resistência nos unem. Se fronteiras e violências dividiram nossos povos, sentimentos de pertença a uma nova pátria foram nos aproximando.
E hoje estamos fortemente unidos na luta pela terra e na esperança de que se faça justiça nesse país tão grande que, como disse nosso grande líder Marçal Tupã’y ao Papa João Paulo II, em Manaus , foi nosso e nos foi tomado. E poucos dias antes ele numa Assembléia Indígena em Brasília ele dizia o que se torna muito atual em nossa luta de hoje “Tenho muito amor ao que é nosso. Deixo um pedido, há pouco ouvi um grupo de Roraima cantando na sua língua. Faça o favor não perca a língua, a tradição. Não troquem por língua estranha. Não troquem a nossa vida da aldeia pela vida da cidade.Hoje estamos no fim de nossa assembléia. O problema de um é de todos. Um dia faremos o ‘V’ da vitória...Seremos vitoriosos” (julho 1980). Vão fazer 25 anos que assassinaram Marçal. Seu grito de vida e vitória continuam a nos unir. Continuamos lutando contra os mesmos inimigos. Alimentamos a mesma esperança.
Durante mais de trinta anos vocês lutaram para ter parte de vossas terras de volta. Nesse tempo também tomaram a quase totalidade de nossas terras. Mataram muitas das nossas lideranças. Hoje estamos confinados, como que presos e cercados por todos os lados. Mas agora também começamos a ver a possibilidade de ter parte de nossos tekoha, terras tradicionais, de volta. Mataram muitos dos nossos parentes. Mas nasceram muito mais. Hoje somos mais de quarenta mil Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul.
Queremos estar com vocês nesse dia de uma decisão importante sobre vossa terra Raposa Serra do Sol. Esperamos que finalmente a vossa terra seja livre e possam viver nela na paz, solidariedade e alegria. Temos a certeza de que também podemos contar com o apoio de vocês na luta por nossa terra, vida com dignidade.
Dourados, 26 de agosto de 2008.
Comissão de Direitos Kaiowá Guarani
Campanha Povo Guarani um Grande Povo
Carta de apoio aos parentes da Raposa Serra do Sol – Roraima
UNIDOS PELO SOFRIMENTO, LUTA E ESPERANÇA
Se mais de três mil quilômetros nos separam, mais de cinco séculos de resistência nos unem. Se fronteiras e violências dividiram nossos povos, sentimentos de pertença a uma nova pátria foram nos aproximando.
E hoje estamos fortemente unidos na luta pela terra e na esperança de que se faça justiça nesse país tão grande que, como disse nosso grande líder Marçal Tupã’y ao Papa João Paulo II, em Manaus , foi nosso e nos foi tomado. E poucos dias antes ele numa Assembléia Indígena em Brasília ele dizia o que se torna muito atual em nossa luta de hoje “Tenho muito amor ao que é nosso. Deixo um pedido, há pouco ouvi um grupo de Roraima cantando na sua língua. Faça o favor não perca a língua, a tradição. Não troquem por língua estranha. Não troquem a nossa vida da aldeia pela vida da cidade.Hoje estamos no fim de nossa assembléia. O problema de um é de todos. Um dia faremos o ‘V’ da vitória...Seremos vitoriosos” (julho 1980). Vão fazer 25 anos que assassinaram Marçal. Seu grito de vida e vitória continuam a nos unir. Continuamos lutando contra os mesmos inimigos. Alimentamos a mesma esperança.
Durante mais de trinta anos vocês lutaram para ter parte de vossas terras de volta. Nesse tempo também tomaram a quase totalidade de nossas terras. Mataram muitas das nossas lideranças. Hoje estamos confinados, como que presos e cercados por todos os lados. Mas agora também começamos a ver a possibilidade de ter parte de nossos tekoha, terras tradicionais, de volta. Mataram muitos dos nossos parentes. Mas nasceram muito mais. Hoje somos mais de quarenta mil Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul.
Queremos estar com vocês nesse dia de uma decisão importante sobre vossa terra Raposa Serra do Sol. Esperamos que finalmente a vossa terra seja livre e possam viver nela na paz, solidariedade e alegria. Temos a certeza de que também podemos contar com o apoio de vocês na luta por nossa terra, vida com dignidade.
Dourados, 26 de agosto de 2008.
Comissão de Direitos Kaiowá Guarani
Campanha Povo Guarani um Grande Povo
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Ainda a questão da terra!
Índios só deixam rodovia após demarcação de terras
25/09/2009
O cacique José Barbosa de Almeida, o Zezinho, líder dos guarani-kaiowá acampados às margens da BR-163, em Rio Brilhante, afirmou nesta sexta-feira, por telefone, que as 36 famílias despejadas da fazenda Santo Antonio de Nova Esperança não vão deixar o local. "Não vamos sair. Vamos ficar na beira da estrada e esperar os estudos antropológicos. Aqui [na rodovia] ninguém pode botar a mão em nós (sic)", afirmou Zezinho.Ele acusou os fazendeiros de adotar "o jogo da pressão" contra os índios e garantiu que os guarani-kaiowá não pensam em ocupar outras áreas. "Não vamos ocupar nenhuma fazenda. Queremos a nossa terra, mas só vamos entrar após a demarcação, acompanhados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal", declarou o cacique."Tudo isso é um jogo. Os dois lados jogam, mas nós estamos fazendo o jogo limpo. Quem não faz jogo limpo são os fazendeiros", acusou José Almeida.
Autor: Helio de FreitasFonte: Campo Grande News - http://www.campogrande.news.com.br/canais/view/?canal=8&id=267547
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Ler é mais importante do que estudar
Reproduzo aqui (feliz da vida!) um texto do blog do Ziraldo:
É possível que eu vá ser repetitivo, mas vamos lá. Já devo ter dito aqui a frase que repito pelo país: ler é mais importante do que estudar. Olha ai: a gente tem que ter muito cuidado com o que diz quando diz uma coisa que pode ser ouvida por muita gente. Há quase trinta anos que tenho andado por este país – que nem o velho Luiz Gonzaga – falando para professores e crianças nas salas de aula e nos auditórios de escolas públicas e privadas. Desde 1980, quando o "Menino Maluquinho" apareceu.
Tenho deitado a maior falação sobre os problemas do ensino fundamental no Brasil. Aí, uma professora vem e me escreve: “Você precisa ter cuidado com o que diz quando diz uma coisa que pode ser ouvida por muita gente”. E continuou: “Por exemplo, você me diz que ler é mais importante do que estudar. Como é que eu faço? Se eles ficarem parados no tempo, a culpa vai ser sua”.
A minha frase, professora, é uma frase de efeito. Foi feita para despertar as pessoas para a questão da leitura no ensino básico, uma frase feita para inquietar, mesmo. Com um detalhe: ela não precisa explicação, meu Deus! Como é que um menino pode estudar se ele não sabe ler, não é capaz de entender um texto, não consegue se expressar escrevendo? É o impasse filosófico do ovo e da galinha: qual dos dois é mais importante? Parece-me que a resposta é óbvia, não?
Estou voltando a falar sobre as questões do ensino porque me parece que, no meio de tantas notícias graves, uma permanece me deixando muito preocupado. Só pode parecer menos grave porque está longe da idéia imediata de morte. Sua gravidade, contudo, é intensa para o país: nossas crianças não sabem ler. Aliás, ninguém sabe ler nesse país!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
A Reforma de Lutero
Começamos a semana tratando de um tema novo: a Reforma. Trago aqui um velho conhecido meu. É o texto da Ana Carolina Davoli, aluna do 7º ano de 2008. Por ter sido muito útil, vale aqui um repeteco!
A grande Revolta
"O monge Martinho Lutero não concordava com alguns pontos da Igreja. Ele elaborou 95 teses denunciando suas irregularidades. O movimento de reformas religiosas teve início no Sacro Império Romano Germânico. Entre os séculos XIV e XVI, o imperador costumava se proclamar “chefe de todos os cristãos”. Contudo, sua autoridade era restrita, pois os príncipes e bispos controlavam o poder local.
Lutero acreditava que poderia existir um mundo onde todos tivessem os mesmos direitos e condições; onde as pessoas pudessem participar dos cultos e fazer suas próprias leituras;
Muitos religiosos viviam no luxo e exploravam as crenças dos fiéis. Vendiam relíquias e indulgências com a promessa de diminuir o tempo de permanência das pessoas no purgatório. Lutero sabia que a Igreja podia melhorar e acreditava nela.
A Reforma Católica é um movimento de reação ao protestantismo. Ela precisava auto-reformar-se ou não sobreviveria. Para isso fizeram o Concílio de Trento, com a intenção de manter certo poder sobre os católicos."
Tente agora você arriscar umas palavras. Você diria que o texto dá conta de explicar tudo sobre a Reforma? O que há mais para dizer sobre este processo histórico? Você pode explicar, por exemplo, um dos termos ou expressões que aparecem em negrito.
Abraço!
A grande Revolta
"O monge Martinho Lutero não concordava com alguns pontos da Igreja. Ele elaborou 95 teses denunciando suas irregularidades. O movimento de reformas religiosas teve início no Sacro Império Romano Germânico. Entre os séculos XIV e XVI, o imperador costumava se proclamar “chefe de todos os cristãos”. Contudo, sua autoridade era restrita, pois os príncipes e bispos controlavam o poder local.
Lutero acreditava que poderia existir um mundo onde todos tivessem os mesmos direitos e condições; onde as pessoas pudessem participar dos cultos e fazer suas próprias leituras;
Muitos religiosos viviam no luxo e exploravam as crenças dos fiéis. Vendiam relíquias e indulgências com a promessa de diminuir o tempo de permanência das pessoas no purgatório. Lutero sabia que a Igreja podia melhorar e acreditava nela.
A Reforma Católica é um movimento de reação ao protestantismo. Ela precisava auto-reformar-se ou não sobreviveria. Para isso fizeram o Concílio de Trento, com a intenção de manter certo poder sobre os católicos."
Tente agora você arriscar umas palavras. Você diria que o texto dá conta de explicar tudo sobre a Reforma? O que há mais para dizer sobre este processo histórico? Você pode explicar, por exemplo, um dos termos ou expressões que aparecem em negrito.
Abraço!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
O Resnascimento e a Língua Portuguesa
Um dia, o idioma de Luís de Camões saiu da Península Ibérica e se esparramou pelo mundo, inclusive por metade da América do Sul. Até aqui, já envolveu cerca de 230 milhões de pessoas em quatro continentes abrangendo vários países: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Timor-Leste.
A última flor do Lácio, como Olavo Bilac referiu-se à lingua, é uma espécie de documento vivo, vibrante e mestiço da história. Seu percurso começa no Império Romano, passando depois pela Universidade de Coimbra, pelas grandes navegações e pela aventura moderna que conectou Europa, América e África.
O português é uma das línguas neolatinas, como o italiano, o espanhol, o romeno e o francês - as filhas orgulhosas do velho latim (...) que era falado nos primeiros séculos depois de Cristo por soldados romanos, camponeses, comerciantes, e foi adotado pela Igreja. Isto ajudou a consolidar os idiomas neolatinos. O Latim emprestou a estes idiomas palavras e expressões eruditas a escritores a partir do século XIV. Já havia então Dante Alighieri escrevendo em italiano, Luís de Camões em português e Miguel de Cervantes em Castelhano.
O Renascimento, apesar de todo o culto à Antiguidade clássica, foi um verdadeiro viveiro de línguas, selando o destino do latim, que - como estrela morta - continuou a brilhar na noite dos tempos através das suas filhas, as línguas neolatinas.
Este texto foi adaptado de "A mestiça e vibrante filha do latim", de autoria de Alberto Luiz Schneider (doutor em história pela Unicamp), e foi publicado na revista História Viva, n° 70, edição que está nas bancas este mês.
O artigo na íntegra tem também uma "linha do tempo" da língua portuguesa, desde sua oficialização como língua de Portugal, em 1279, até o acordo ortográfico de 2009. Vale conferir!
Abraço e bons trabalhos sobre o Renascimento...
A última flor do Lácio, como Olavo Bilac referiu-se à lingua, é uma espécie de documento vivo, vibrante e mestiço da história. Seu percurso começa no Império Romano, passando depois pela Universidade de Coimbra, pelas grandes navegações e pela aventura moderna que conectou Europa, América e África.
O português é uma das línguas neolatinas, como o italiano, o espanhol, o romeno e o francês - as filhas orgulhosas do velho latim (...) que era falado nos primeiros séculos depois de Cristo por soldados romanos, camponeses, comerciantes, e foi adotado pela Igreja. Isto ajudou a consolidar os idiomas neolatinos. O Latim emprestou a estes idiomas palavras e expressões eruditas a escritores a partir do século XIV. Já havia então Dante Alighieri escrevendo em italiano, Luís de Camões em português e Miguel de Cervantes em Castelhano.
O Renascimento, apesar de todo o culto à Antiguidade clássica, foi um verdadeiro viveiro de línguas, selando o destino do latim, que - como estrela morta - continuou a brilhar na noite dos tempos através das suas filhas, as línguas neolatinas.
Este texto foi adaptado de "A mestiça e vibrante filha do latim", de autoria de Alberto Luiz Schneider (doutor em história pela Unicamp), e foi publicado na revista História Viva, n° 70, edição que está nas bancas este mês.
O artigo na íntegra tem também uma "linha do tempo" da língua portuguesa, desde sua oficialização como língua de Portugal, em 1279, até o acordo ortográfico de 2009. Vale conferir!
Abraço e bons trabalhos sobre o Renascimento...
domingo, 30 de agosto de 2009
O Cabo do Bojador
Em 1434, após diversas tentativas, Gil Eanes, como vocês sabem, conseguiu finalmente atravessar o Cabo do Bojador. Uma verdadeira façanha, pois naquela região as correntes marítimas e ventos contrários eram terríveis, além dos frequentes nevoeiros. Acreditava-se que ali era a temida entrada do Mar Tenebroso.
Outros afirmavam tratar-se da "beirada do mundo", onde correntes terríveis lavariam as embarcações para o abismo. Diziam que aquele que se arriscasse além do Bojador nunca mais retornaria.
Gil Eanes não só atravessou o Cabo do Bojador, como descobriu que do outro lado não havia mistério nenhum, e sim algumas riquezas. Logo retornou com a boa nova de que, para efeitos de navegação, o mundo não acabava ali. Outras partes do continente africano passaram a figurar nos mapas europeus.
O infante D. Henrique ordenou então que suas caravelas fossem armadas para a paz e para a guerra a Guiné, em busca de cristãos e especiarias. Cristãos porque o infante desejava encontrar o lendário reino cristão de Preste João, que se imaginava estar situado na "Índia africana" (Etiópioa), para uma aliança contra os muçulmanos. Especiarias porque procurava um acesso a esses produtos sem passar pelos inconvenientes mercadores chineses, árabes, persas e genoveses que controlavam as rotas tradicionais.
Este post é dedicado aos meus bravos alunos-estudantes, que pesquisaram sobre o Cabo do Bojador, atendendo a um pedido deste professor-blogueiro!
O texto acima foi adaptado do livro "Ritmos da História", do historiador Flávio de Campos, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo, e de quem tive o prazer de ser aluno.
domingo, 23 de agosto de 2009
Portugal e o Pessoa
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
---
Fernando Pessoa - "Mar Português"
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Você sabe o que é o Bojador? Houve um navegador chamado Gil Eanes, português, escudeiro do Infante D. Henrique, que pela primeira vez passou além do cabo Bojador, diminuindo o terror supersticioso que havia em torno dele e, iniciando assim, a época dos grandes Descobrimentos (1434). Fica como tarefa para você descobrir onde fica este tal Bojador. Procure esta informação e a traga para sala de aula. Sobre D. Henrique - “O navegador” - é preciso dizer que ele foi o iniciador do grande ciclo dos descobrimentos portugueses. Possuía temperamento místico, introvertido, toda a sua vida foi dedicada a preparar a grandeza futura das navegações portuguesas. Foi a grande figura da tomada de Ceuta, em 1415, quando o pai o fez cavaleiro e duque de Viseu. A partir daí começou a mandar expedições que iniciaram a exploração da costa da África. Dessa forma, se iniciou o povoamento das ilhas da Madeira, dos Açores e a exploração da costa africana.
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Os comerciantes europeus se instalaram nos portos do Mediterrâneo Oriental. Havia nesses lugares a proteção dos governos locais. O capital acumulado pelos negócios, muitas vezes resultou na fundação de bancos. E o que antes era uma iniciativa individual dos comerciantes, passou a contar com o apoio do poder público. Os bancos italianos passaram a emprestar dinheiro a juros aos reis, imperadores, príncipes, nobres e outros mercadores. Surgiram também companhias de comércio, como a Companhia das Índias Ocidentais. Esta vai ter grande importância e influência no comércio que vai surgir, posteriormente, no Brasil.
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Procure saber mais sobre a W.I.C. (Western Indian Company), e crie um pequeno texto sobre ela – você poderia postar o que conseguiu aqui no blog .
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Abraço, boa semana e bom trabalho!
Pensar
Dos 60 milhões de habitantes da Europa, 2 milhões sabem apenas decifrar o próprio nome, e menos de 500 mil sabem ler correntemente. Graças à imprensa, os letrados podem ter acesso a mais obras a preços módicos. Um saber até então recluso em alguns conventos e universidades começa a expandir-se; surgem bibliotecas nas casas da burguesia. Comerciantes, marinheiros, geógrafos, médicos, professores começam a pensar mais livremente e redescobrem, pasmos, o pensamento grego e latino repatriado de Bizâncio.
A reflexão filosófica separa-se então da devoção religiosa, a segunda realçando o inefável e a graça, a primeira a consciência e a razão.
O homem tem então o direito e o dever de compreender o mundo. É pelo saber que ele se realiza como criatura divina. O homem assume o lugar de criador do seu destino, livre, mestre em potencial do mundo, e não, como instrumento da vontade divina.
O poder vem do saber: qualquer comerciante que conheça o valor da informação e tenha descoberto a imprensa, tem que assinar embaixo dessa afirmação.Assim, ao aproximar-se o ano de 1492, em alguns círculos isolados de Florença, rasga-se o fatalismo. Surgem conceitos – indivíduo, arte, liberdade, responsabilidade, criação – novas versões de idéias da Grécia Antiga. A modernidade está a caminho.
Texto de Jacques Attali, no livro "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna". Attali é engenheiro de minas formado pela Escola Politécnica, diretor de estudos da Universidade de Paris, membro do Conselho de Estado da França e conselheiro especial do Presidente François Mitterand entre 1981 e 1991, quando assumiu a presidência do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. É autor de dezesseis livros.
A reflexão filosófica separa-se então da devoção religiosa, a segunda realçando o inefável e a graça, a primeira a consciência e a razão.
O homem tem então o direito e o dever de compreender o mundo. É pelo saber que ele se realiza como criatura divina. O homem assume o lugar de criador do seu destino, livre, mestre em potencial do mundo, e não, como instrumento da vontade divina.
O poder vem do saber: qualquer comerciante que conheça o valor da informação e tenha descoberto a imprensa, tem que assinar embaixo dessa afirmação.Assim, ao aproximar-se o ano de 1492, em alguns círculos isolados de Florença, rasga-se o fatalismo. Surgem conceitos – indivíduo, arte, liberdade, responsabilidade, criação – novas versões de idéias da Grécia Antiga. A modernidade está a caminho.
Texto de Jacques Attali, no livro "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna". Attali é engenheiro de minas formado pela Escola Politécnica, diretor de estudos da Universidade de Paris, membro do Conselho de Estado da França e conselheiro especial do Presidente François Mitterand entre 1981 e 1991, quando assumiu a presidência do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. É autor de dezesseis livros.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
O despertar da liberdade
Quando, em 1434, um tipógrafo de Nuremberg, de nome Johanes Gensfleish - que logo será chamado de Gutenberg - dá os últimos retoques na primeira prensa de impressão com caracteres móveis, sua invenção passa desapercebida.
Quando, em 1441, ele a aperfeiçoa graças a uma tinta que permite imprimir os dois lados do papel, ainda ninguém diz nada.
Quando, em 1448, junto com dois sócios, ele substitui os caracteres de madeira por metálicos, ninguém se interessa por isso.
Em 1455, quando ele imprime uma Bíblia, nenhum eco. Quando, em 1457, publica o primeiro livro impresso - O Salmista de Mogúncia - tudo começa a ser divulgado. É um novo objeto fabricado em série, o primeiro objeto nômade: o livro impresso. Em 30 anos ele revolucionará a sociedade européia.
A Igreja acha que ele favorecerá o latim e a difusão da fé cristã. Nomeia-o "coroa de todas as ciências", arte divina, escolhido pelo "Eterno para encontrar o povo e dialogar com ele". De fato, as duas obras mais impressas na Europa até o final do século, especialmente em 1492, são a Bíblia e uma gramática latina redigida na França.
No entanto, a imprensa rapidamente escapa dos seus primeiros mestres e se torna o instrumento dos civis contra os religiosos, das línguas vernáculas contra o latim, da ciência contra a fé. Em dez anos, comerciantes e intelectuais criam tipografias por toda parte. Em 1480, já existe mais de uma centena na Europa. Dez milhões de exemplares de 40 mil títulos vão sair das prensas. Isto torna possível a circulação de textos filosóficos. Ao estimular a literatura de viagem, o livro fornece as bases dos descobrimentos; ao favorecer as línguas nacionais, conduz ao abandono do latim e ao despertar dos nacionalismos.
Outra invenção das grandes, completamente desapercebida, acelera o desenvolvimento da leitura: os óculos. Os primeiros datam de 1285, quando vidraceiros italianos constatam que os vidros convexos corrigem a visão dos idosos. Em meados do século XV, aparecem também os óculos para miopia...
Texto extraído do livro de Jacques Attali: "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna", da editora Nova Fronteira.
Amanhã vou postar aqui mais um trecho do livro. Vai ser bacana, pois o título será também um convite: "Pensar".
Abraços,
Helio.
Quando, em 1441, ele a aperfeiçoa graças a uma tinta que permite imprimir os dois lados do papel, ainda ninguém diz nada.
Quando, em 1448, junto com dois sócios, ele substitui os caracteres de madeira por metálicos, ninguém se interessa por isso.
Em 1455, quando ele imprime uma Bíblia, nenhum eco. Quando, em 1457, publica o primeiro livro impresso - O Salmista de Mogúncia - tudo começa a ser divulgado. É um novo objeto fabricado em série, o primeiro objeto nômade: o livro impresso. Em 30 anos ele revolucionará a sociedade européia.
A Igreja acha que ele favorecerá o latim e a difusão da fé cristã. Nomeia-o "coroa de todas as ciências", arte divina, escolhido pelo "Eterno para encontrar o povo e dialogar com ele". De fato, as duas obras mais impressas na Europa até o final do século, especialmente em 1492, são a Bíblia e uma gramática latina redigida na França.
No entanto, a imprensa rapidamente escapa dos seus primeiros mestres e se torna o instrumento dos civis contra os religiosos, das línguas vernáculas contra o latim, da ciência contra a fé. Em dez anos, comerciantes e intelectuais criam tipografias por toda parte. Em 1480, já existe mais de uma centena na Europa. Dez milhões de exemplares de 40 mil títulos vão sair das prensas. Isto torna possível a circulação de textos filosóficos. Ao estimular a literatura de viagem, o livro fornece as bases dos descobrimentos; ao favorecer as línguas nacionais, conduz ao abandono do latim e ao despertar dos nacionalismos.
Outra invenção das grandes, completamente desapercebida, acelera o desenvolvimento da leitura: os óculos. Os primeiros datam de 1285, quando vidraceiros italianos constatam que os vidros convexos corrigem a visão dos idosos. Em meados do século XV, aparecem também os óculos para miopia...
Texto extraído do livro de Jacques Attali: "1492 - Os acontecimentos que marcaram o início da Era Moderna", da editora Nova Fronteira.
Amanhã vou postar aqui mais um trecho do livro. Vai ser bacana, pois o título será também um convite: "Pensar".
Abraços,
Helio.
Possibilidades de ação
Olá!
Quero apresentar para vocês uns links de entidades, das quais podemos todos participar tomando conhecimento de suas ações e, sempre que possível, atuando também!
http://www.br.amnesty.org/ - Anistia Internacional
http://www.soudapaz.org/ - Instituto Sou da Paz
http://www.institutoninarosa.org.br/ - Instituto Nina Rosa
Clica e vai!
Abraço,
Helio.
Quero apresentar para vocês uns links de entidades, das quais podemos todos participar tomando conhecimento de suas ações e, sempre que possível, atuando também!
http://www.br.amnesty.org/ - Anistia Internacional
http://www.soudapaz.org/ - Instituto Sou da Paz
http://www.institutoninarosa.org.br/ - Instituto Nina Rosa
Clica e vai!
Abraço,
Helio.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Uma bomba a explodir dentro de nós
Nosso direito acaba com o início do direito do outro. Talvez seja por isso que expressões naturais como a alegria e a plenitude sejam tão louvadas e respeitadas pela sociedade. Mas expressões como a raiva e o ódio são desencorajadas e contidas.
A questão é: será que uma risadinha e uma careta irônica não são tão fortes como um soco, um chute ou um xingamento explícito? Claro que sim (na minha opinião), e o grande problema é: como será a reação das pessoas que sofrem com o bullying, por exemplo?
É aí que a discussão se acende. Um ato de “violência sutil” pode acarretar atos de violência corporal. Os exemplos nós já cansamos de ouvir, mas o que será que passa pela cabeça de uma pessoa violenta? Rancor, impotência, ódio, vontade de se vingar? Esses são os frutos de certo descaso com o indivíduo e da blindagem do provocador.
A violência é dolorosa tanto para quem a recebe quanto para quem a comete. Talvez, conter não seja o melhor método para aplaca-la, e sim tentar ajudar a pessoa que está prestes a soltá-la, tentar entendê-la. E, assim, ajudar o grupo e cada indivíduo.
Pois cada um tem uma pequena bomba, que pode explodir se não houver um mudança para melhor.
Texto do João Pedro Borges Santos, aluno do 7º C. Fica aqui o meu convite para que os demais dialoguem com a escrita do colega.
Abraço!
A questão é: será que uma risadinha e uma careta irônica não são tão fortes como um soco, um chute ou um xingamento explícito? Claro que sim (na minha opinião), e o grande problema é: como será a reação das pessoas que sofrem com o bullying, por exemplo?
É aí que a discussão se acende. Um ato de “violência sutil” pode acarretar atos de violência corporal. Os exemplos nós já cansamos de ouvir, mas o que será que passa pela cabeça de uma pessoa violenta? Rancor, impotência, ódio, vontade de se vingar? Esses são os frutos de certo descaso com o indivíduo e da blindagem do provocador.
A violência é dolorosa tanto para quem a recebe quanto para quem a comete. Talvez, conter não seja o melhor método para aplaca-la, e sim tentar ajudar a pessoa que está prestes a soltá-la, tentar entendê-la. E, assim, ajudar o grupo e cada indivíduo.
Pois cada um tem uma pequena bomba, que pode explodir se não houver um mudança para melhor.
Texto do João Pedro Borges Santos, aluno do 7º C. Fica aqui o meu convite para que os demais dialoguem com a escrita do colega.
Abraço!
domingo, 9 de agosto de 2009
Aventurar-se é preciso!
Os italianos tinham a tradição. Eram navegadores há muito tempo, seus pilotos e mapas eram muito respeitados. Mas os portugueses e espanhóis é que foram "empurrados" em direção ao Atlântico.
O caso de Portugal é emblemático: expandiu-se devido à pobreza agrícola! Na agricultura vivia apenas da produção de vinho e azeitonas, isto porque não havia muito mais o que fazer em suas terras pouco férteis.
Havia, além da produção de sal e a pesca, uma nobreza persistente, ambiciosa e ávida por uma solução para a falta de terras. O comércio com as Índias transformou-se no alicerce da economia do Estado Moderno português. As dificuldades para manter este comércio, desde a tomada de Constantinopla pelos turcos, era um problema de difícil solução.
A saída foi então o Atlântico e as aventuras marítimas...
Do que você leu e estudou até aqui, é possível se aventurar e nos dar mais alguma informação sobre as Grandes Navegações?
O caso de Portugal é emblemático: expandiu-se devido à pobreza agrícola! Na agricultura vivia apenas da produção de vinho e azeitonas, isto porque não havia muito mais o que fazer em suas terras pouco férteis.
Havia, além da produção de sal e a pesca, uma nobreza persistente, ambiciosa e ávida por uma solução para a falta de terras. O comércio com as Índias transformou-se no alicerce da economia do Estado Moderno português. As dificuldades para manter este comércio, desde a tomada de Constantinopla pelos turcos, era um problema de difícil solução.
A saída foi então o Atlântico e as aventuras marítimas...
Do que você leu e estudou até aqui, é possível se aventurar e nos dar mais alguma informação sobre as Grandes Navegações?
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Ponto de partida
Olá meninos e meninas,
Nestes tempos de "gripe suína", nosso encontro presencial de hoje foi adiado. Mesmo assim, preciso registrar o seguinte:
Colombo partiu do porto de Palos, na costa mediterrânea da Espanha em três de agosto de 1492 – esta data faz este breve post ser especial, afinal hoje é três de agosto!
Após uma viagem difícil chegou às Ilhas Canárias, onde fez uma longa escala para reparar os navios.
Este é, sem dúvida, um ponto de partida importante para os estudos que vem a seguir...
Abraço!
Nestes tempos de "gripe suína", nosso encontro presencial de hoje foi adiado. Mesmo assim, preciso registrar o seguinte:
Colombo partiu do porto de Palos, na costa mediterrânea da Espanha em três de agosto de 1492 – esta data faz este breve post ser especial, afinal hoje é três de agosto!
Após uma viagem difícil chegou às Ilhas Canárias, onde fez uma longa escala para reparar os navios.
Este é, sem dúvida, um ponto de partida importante para os estudos que vem a seguir...
Abraço!
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Todorov e Ridley Scott
Eu roubei um livro. Era de uma namorada minha, na época ela já era historiadora e eu estudante. Tenho-o até hoje e guardo, é verdade, um certo carinho por ele. O autor é Tzvetan Todorov, o livro "A conquista da América".
Falo dele hoje, por que amanhã, na aula de história, vocês verão o "1492 - A conquista do paraíso", filme dirigido por Ridley Scott, que é diretor do também recomendado "Blade Runner".
Embora tratem do mesmo tema - a chegada dos Europeus na América - as abordagens são distintas. Até mesmo, devido às diferenças importantes que existem entre uma produção cinematográfica e a produção de um livro de história.
Uso este espaço para dar voz ao Todorov e sua questão principal no livro: a questão do outro! Em sua primeira linha ele deixa claro: "Quero falar da descoberta que o eu faz do outro".
O autor escolhe falar da descoberta e da conquista da América, a partir da percepção que os espanhóis têm dos índios. Ele descreve a guerra, os horrores, a impossibilidade de se ver como um igual, a necessidade de salvar as almas dos selvagens com a fé cristã, a busca pelas riquezas e a contradição entre essas duas últimas idéias que citei aqui.
Levo o filme e o livro para a sala de aula. Faremos leituras dos dois. Vamos ver se um consegue enxergar o outro no seu próprio corpo...
Abraço e até lá!
Falo dele hoje, por que amanhã, na aula de história, vocês verão o "1492 - A conquista do paraíso", filme dirigido por Ridley Scott, que é diretor do também recomendado "Blade Runner".
Embora tratem do mesmo tema - a chegada dos Europeus na América - as abordagens são distintas. Até mesmo, devido às diferenças importantes que existem entre uma produção cinematográfica e a produção de um livro de história.
Uso este espaço para dar voz ao Todorov e sua questão principal no livro: a questão do outro! Em sua primeira linha ele deixa claro: "Quero falar da descoberta que o eu faz do outro".
O autor escolhe falar da descoberta e da conquista da América, a partir da percepção que os espanhóis têm dos índios. Ele descreve a guerra, os horrores, a impossibilidade de se ver como um igual, a necessidade de salvar as almas dos selvagens com a fé cristã, a busca pelas riquezas e a contradição entre essas duas últimas idéias que citei aqui.
Levo o filme e o livro para a sala de aula. Faremos leituras dos dois. Vamos ver se um consegue enxergar o outro no seu próprio corpo...
Abraço e até lá!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
O NASCIMENTO DA EUROPA (Parte II)
Segue a continuação do texto de Jacques Le Goff:
A Idade Média realizou uma curiosa combinação entre a diversidade e a unidade. A diversidade é o nascimento da França e da Alemanha, a partir do século IX, da Inglaterra, no final do século XI, e também da Espanha, quando Castela e Aragão se uniram pelo casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, no final do século XV. A unidade vem da religião cristã, que se impõe por toda parte.
Houve também a difusão do ensino. As universidades eram o lugar do ensino superior e, ainda hoje, em toda parte, ainda se configuram como o lugar onde este ensino é difundido. A Idade Média foi o período no qual surgiu e foi construída a Europa. Se cada período de civilização tem um papel, uma missão, no conjunto do desenvolvimento histórico, podemos dizer que a missão da Idade Média foi a de permitir o nascimento da Europa. Não é por acaso que o termo “Europa”, pouco freqüente nos escritos da Idade Média, surge na metade do século XV, no título de um tratado do Papa Pio II. Sob esse aspecto, podemos considerar que esse momento – o século XV – é um primeiro término da Idade Média.
Convido todos a confrontarem este texto com o de Eric Hobsbawm, historiador inglês, postado neste blog em 15/10/2008. É uma outra história da Europa.
Clica e vai!
A Idade Média realizou uma curiosa combinação entre a diversidade e a unidade. A diversidade é o nascimento da França e da Alemanha, a partir do século IX, da Inglaterra, no final do século XI, e também da Espanha, quando Castela e Aragão se uniram pelo casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, no final do século XV. A unidade vem da religião cristã, que se impõe por toda parte.
Houve também a difusão do ensino. As universidades eram o lugar do ensino superior e, ainda hoje, em toda parte, ainda se configuram como o lugar onde este ensino é difundido. A Idade Média foi o período no qual surgiu e foi construída a Europa. Se cada período de civilização tem um papel, uma missão, no conjunto do desenvolvimento histórico, podemos dizer que a missão da Idade Média foi a de permitir o nascimento da Europa. Não é por acaso que o termo “Europa”, pouco freqüente nos escritos da Idade Média, surge na metade do século XV, no título de um tratado do Papa Pio II. Sob esse aspecto, podemos considerar que esse momento – o século XV – é um primeiro término da Idade Média.
Convido todos a confrontarem este texto com o de Eric Hobsbawm, historiador inglês, postado neste blog em 15/10/2008. É uma outra história da Europa.
Clica e vai!
terça-feira, 16 de junho de 2009
Jacques Le Goff nos trata a todos como filhos.
A seguir, uma edição, em duas partes, do último capítulo do livro "A Idade Média explicada aos meus filhos", do medievalista que é referência central da corrente historiográfica conhecida como "Nova História":
O NASCIMENTO DA EUROPA (Parte I)
A Idade Média é, portanto, um longo período: aqueles que não acreditam que ela se prolongue até o final do século XVIII, como eu penso, com o nascimento da indústria moderna e a Revolução Francesa, admitem, no entanto, geralmente, que ela se estenda por dez séculos, do V ao XV - mil anos!
Esse longo período conservou o nome que lhe foi dado pelo Renascimento e que tinha, no começo, um sentido pejorativo: vimos que algumas pessoas, ainda hoje, consideram a Idade Média como uma época cruel ou tenebrosa, ao mesmo tempo violenta obscura e ignorante. Sabemos, atualmente, que essa imagem é falsa, mesmo que tenha existido uma Idade Média da violência: não apenas conflitos e guerras entre grupos e países, mas violências contra judeus, com o começo do anti-semitismo, e repressão contra os rebeldes aos ensinamentos da Igreja, aqueles que eram chamados de “hereges”, por meio da Inquisição. As cruzadas, evidentemente, também fazem parte do balanço negativo.
Mas a Idade Média foi também, acho até que principalmente, um grande período criativo. Podemos ver isso nos domínios da arte, das instituições, sobretudo das cidades (por exemplo, nas universidades), ou ainda no campo do pensamento – a filosofia que chamamos de “escolástica” atingiu altos patamares do saber. Também vimos até que ponto a Idade Média criou “lugares de encontro” comerciais e festivos (as feiras, as festas), que continuam a nos inspirar.
Paro hoje por aqui. Já deu para reconhecer algumas idéias vistas neste bimestre, não é?
Amanhã retomo esta escrita.
Abraço.
O NASCIMENTO DA EUROPA (Parte I)
A Idade Média é, portanto, um longo período: aqueles que não acreditam que ela se prolongue até o final do século XVIII, como eu penso, com o nascimento da indústria moderna e a Revolução Francesa, admitem, no entanto, geralmente, que ela se estenda por dez séculos, do V ao XV - mil anos!
Esse longo período conservou o nome que lhe foi dado pelo Renascimento e que tinha, no começo, um sentido pejorativo: vimos que algumas pessoas, ainda hoje, consideram a Idade Média como uma época cruel ou tenebrosa, ao mesmo tempo violenta obscura e ignorante. Sabemos, atualmente, que essa imagem é falsa, mesmo que tenha existido uma Idade Média da violência: não apenas conflitos e guerras entre grupos e países, mas violências contra judeus, com o começo do anti-semitismo, e repressão contra os rebeldes aos ensinamentos da Igreja, aqueles que eram chamados de “hereges”, por meio da Inquisição. As cruzadas, evidentemente, também fazem parte do balanço negativo.
Mas a Idade Média foi também, acho até que principalmente, um grande período criativo. Podemos ver isso nos domínios da arte, das instituições, sobretudo das cidades (por exemplo, nas universidades), ou ainda no campo do pensamento – a filosofia que chamamos de “escolástica” atingiu altos patamares do saber. Também vimos até que ponto a Idade Média criou “lugares de encontro” comerciais e festivos (as feiras, as festas), que continuam a nos inspirar.
Paro hoje por aqui. Já deu para reconhecer algumas idéias vistas neste bimestre, não é?
Amanhã retomo esta escrita.
Abraço.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Entre o passado e o futuro
Daqui deste momento, começo uma nova trajetória, um ano mais velho, porém falando com outros mesmos meninos e meninas de um outro mesmo colégio, o Santa Maria de 2009.
Começo com um aforismo - e aforismo é, segundo o dicionário do Houaiss, uma máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral; é um ditado - pois bem, como eu dizia, aí vai o tal aforismo:
"Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento".
O pensamento é de um francês que viveu quatro anos na Resistência Francesa, na luta contra o nazismo, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seu nome é René Char.
Este pensamento faz parte da introdução de um livro de Hannah Arendt, autora que um dia vocês vão conhecer melhor pela potência de sua reflexão sobre o século XX.
Aqui, trata-se apenas de uma brincadeira com o título de um de seus livros, justamente o "Entre o passado e o futuro" para significar a pausa que houve no blog e convidá-los a pensar sobre a história que nos foi deixada como herança e com poucas pistas do que fazer afinal com ela...
Vamos juntos então, nos provocar mutuamente e localizar trilhas possíveis para tornar a história mais viva em nossas vidas?!
Que aqui tenhamos bons encontros!
Abraço.
Começo com um aforismo - e aforismo é, segundo o dicionário do Houaiss, uma máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral; é um ditado - pois bem, como eu dizia, aí vai o tal aforismo:
"Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento".
O pensamento é de um francês que viveu quatro anos na Resistência Francesa, na luta contra o nazismo, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seu nome é René Char.
Este pensamento faz parte da introdução de um livro de Hannah Arendt, autora que um dia vocês vão conhecer melhor pela potência de sua reflexão sobre o século XX.
Aqui, trata-se apenas de uma brincadeira com o título de um de seus livros, justamente o "Entre o passado e o futuro" para significar a pausa que houve no blog e convidá-los a pensar sobre a história que nos foi deixada como herança e com poucas pistas do que fazer afinal com ela...
Vamos juntos então, nos provocar mutuamente e localizar trilhas possíveis para tornar a história mais viva em nossas vidas?!
Que aqui tenhamos bons encontros!
Abraço.
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