terça-feira, 16 de outubro de 2012

A conquista e o avanço da colonização




Olá turma,

Ao ler o texto abaixo, desconfio que vocês vão entender a importância de se localizar a partir dos mapas que trago neste post. A geografia da América é uma boa pista para olhar e ver a "conquista". Passe o mouse por cima da figura e clique para ampliar.


A Península Ibérica, com exclusão de Portugal, tem uma superfície de pouco menos de 500 mil quilômetros quadrados. A superfície das Américas que cabia à Espanha entre 1519 e 1540 era de dois milhões de quilômetros quadrados. A coroa, que tinha cerca de seis milhões de súditos antes da expansão marítima, agora adquiria algo em torno de 50 milhões de súditos nas Américas.

A conquista se expandiu a partir de Cuba, entre 1516 e 1518, atravessou o México de 1519 a 1522, destruindo a confederação asteca, e depois irradiou-se para o norte e para o sul a partir do planalto central mexicano.

Outro braço da colonização partiu do Panamá, deslocando-se até a Nicarágua, entre 1523 e 1524. Depois tomou a rota do Pacífico rumo ao sul para a conquista do império inca em 1531-1533. Do Peru os conquistadores rumaram para Quito e Bogotá, onde encontraram outros grupos que desciam pela costa da Venezuela e da Colômbia. Seguiram então para o Chile, onde Santiago foi fundada em 1542 por Pedro Valdivia.
Fonte do mapa: http://americaindigena.cliomatica.com/ai/?p=26

Do outro lado do continente uma expedição que vinha da Europa, sob o comando de Pedro de Mendoza, tentou sem sucesso ocupar a região do rio da Prata, em 1535-1536, e terminou por deixar um remoto posto avançado de colonização no Paraguai. Buenos Aires, fundada pela primeira vez em 1536 e destruída em 1541, foi fundada novamente em 1580, desta vez não a partir da Europa, mas de Assunção.

Embora tenha havido muitos movimentos rebeldes à dominação, persiste o fato de que as regiões povoadas por uma população indígena maior e mais densa caíram sob o domínio espanhol no espaço de uma única geração. Uma pergunta que pode nos encorajar a estudar todo este processo histórico é a seguinte: como se pode explicar a extraordinária rapidez dessa "conquista"?

O texto de hoje foi composto a partir da seguinte referência bibliográfica:

- BETHELL, Leslie. História da América Latina: A América Latina Colonial I, volume 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Primavera Árabe (quarta parte)


Egito:uma semana depois da queda de Hosni Mubarak – o mais espetacular dos eventos alcançados pelos manifestantes nessa onda de revolta árabe – milhares de pessoas voltaram à praça Tahrir para celebrar o feito (ver foto abaixo). A manifestação pode ser compreendida como um sinal de alerta às forças armadas que tomaram o poder com a saída de Mubarak. Depois de derrubar um regime de 30 anos, em 18 dias de protestos, os egípcios sabem que sua revolução ainda não terminou até que o poder provisório dê lugar a um governo com regras bem claras.

A Irmandade Muçulmana tornou-se muito mais moderada do que quando foi perseguida por Hosni Mubarak. No passado lutou contra a ocupação britânica, foi contrária à violência, mobilizou milhões de seguidores através de ONGs e sindicatos. Para a maioria dos egípcios, a Irmandade Muçulmana poderia trazer estabilidade ao país.
Está
claro que os militares não pensam da mesma forma. O apoio de Washington  é fundamental, pois envia anualmente 1,3 bilhão de dólares em ajuda econômica ao Egito e tais remessas continuarão caso o secretário de Estado americano seja convencido de que o governo egípcio não está sob o domínio de uma organização terrorista.



A insurgência na Líbia contra o governo de Muamar Kadafi, desde 1969 no poder, teve início em 13 de fevereiro de 2011. Com a participação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o país vive desde então uma situação de Guerra Civil. Os rebeldes tomaram a capital Trípoli e Kadafi foi capturado e morto.

Veja abaixo um quadro que mostra a falta de alternância no poder entre os países do chamado Mundo Árabe:





Bibliografia consultada

● Revista Política Externa. Volume 20, número 1. Repercussões da Primavera Árabe. Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais. São Paulo, 2011.

● VISENTINI, Paulo Fagundes. A primavera Árabe – Entre a Democracia e a Geopolítica do Petróleo. Porto Alegre: Leitura XXI, 2012.


Primavera Árabe (terceira parte)



As mídias sociais permitiram um alto grau de organização política por que:

Tornaram-se uma plataforma para que as pessoas pudessem expressar sua solidariedade tanto dentro do país como com outros países da região;

Permitiram o acesso à informação pelos próprios cidadãos, e não pelas redes de notícias nacionais;
 O fato de receber notícias em mensagens pessoais atribuiu confiança a essas mensagens, tendo um impacto profundo e mobilizador;

Era possível reunir um enorme número de pessoas em poucos dias, ou até mesmo em horas;

As mídias digitais facilitam uma comunicação coletiva e não hierárquica;
 
 
As mídias tradicionais não oferecem o acesso que os movimentos socias necessitam por que:

A liberdade de expressão exige uma dimensão pública – um meio de comunicação – para facilitar a troca de opiniões, ideias e informações;

Há a necessidade de plataformas ou ferramentas para a comunicação;

Mesmo em governos considerados democráticos o acesso à informação enfrenta resistências;
 A rede mundial é um novo modelo uma vez que:

A criação e o compartilhamento de conteúdos são distribuídos entre muitas pessoas por meios digitais e acessíveis por celulares, computadores, tv e rádio.

É possível eliminar intermediários, editores, censores e comunicar-se diretamente.

A Primavera Árabe e as charges de Carlos Latuff



Desde janeiro de 2010, os desenhos na prancheta do carioca Carlos Latuff acompanham os avanços da primavera árabe. Depois do sucesso de suas charges no Egito, adotadas nos protestos nas ruas, o cartunista vem atendendo aos pedidos vindos da Líbia, com desenhos que antecipam a queda de Kadafi e imaginam o futuro do país após a mudança.

O envolvimento de Latuff com o conflito na Líbia começou a partir da demanda dos próprios manifestantes, que o procuraram através da internet assim como os organizadores dos protestos em outros países imersos na chamada primavera árabe.

"Faço desenhos a pedido dos manifestantes e coloco na internet", resume Latuff, que tem 42 anos. "É um trabalho autoral, mas não se trata da minha opinião. É preciso que seja útil para os manifestantes, e que eles possam usar aquilo como uma ferramenta."

Latuff disponibiliza as imagens em seu perfil no twitpic (http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff), onde as charges podem ser baixadas e reproduzidas ao bel-prazer dos manifestantes.

"A partir do momento em que coloco na internet, as charges deixam de ser minhas. Faço esse trabalho para que seja compartilhado. O importante é a mensagem".


Primavera Árabe


Olá alunos,

Como combinamos vou postar aqui no blog informações sobre a chamada Primavera Árabe. O mapa acima faz referência à situação da região conflagrada. O texto a seguir localiza basicamente os acontecimentos. Não deixe de assistir o vídeo indicado no final deste post.

Em dezembro de 2010, um jovem tunisiano desempregado, Mohamed Bouazizi, ateou fogo a si mesmo em protesto contra o desemprego, após ser impedido pela polícia de trabalhar na rua no mercado informal.  Sua morte provocou uma série de tumultos que acabaram por se transformar em uma revolução popular contra o governo.

A Primavera Árabe pode ser definida como uma onda de revoltas populares que, desde dezembro de 2010, está transformando o cenário político do chamado Mundo Árabe, reivindicando democracia e participação política.

Ninguém antecipou a velocidade e a escalada da mudança na região. Ninguém intuiu, previu ou imaginou tais acontecimentos. Tampouco essas mudanças foram promovidas pelos grupos prováveis – não foram os islâmicos, os comunistas ou qualquer outro bloco organizado quem liderou os protestos.
A revolução na Tunísia foi operada por pessoas comuns e foi resultado da profunda distância existente entre os tunisianos e egípcios e seus respectivos governos. As revoltas foram motivadas pela pobreza e pela ausência de qualquer real perspectiva de mudança dentro do Estado de Direito. As pessoas utilizaram telefones celulares, mensagens de texto, aplicações de mídia social e a internet para chamar o povo às ruas para protestar.
A falta de mobilidade e a aparente estagnação social do Mundo Árabe vinham ocultando alterações significativas e até dinâmicas, que estavam sendo apontadas nos relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD:
- mais da metade da população do Mundo Árabe tem menos de 25 anos;
- a maioria da população tem poucas perspectivas de emprego e pouca participação na vida política, dominada por elites corruptas, de idade avançada e extremamente conservadoras;
- houve uma profunda alteração na composição das atividades econômicas, causando rápida urbanização;
- os níveis educacionais vêm subindo rapidamente, e mais pessoas estão se formando nas universidades;
- 86% dos egípcios passaram a ter acesso à televisão e 90% a telefones celulares;
- Os meios de comunicação estavam sobre controle estatal até o surgimento da Al Jazeera – um canal de transmissão via satélite sediado no Qatar;
                                                                Charge do cartunista carioca Carlos Latuff.
Mas o verdadeiro catalisador das revoltas foi o surgimento das mídias digitais combinadas com o uso onipresente de telefones celulares, câmeras digitais, postagens em blogs e aplicativos como o Facebook.
As mídias sociais, por si sós, não produziram a revolução árabe, mas funcionaram como veículos das mudanças. A combinação entre as mídias digitais e tradicionais (televisão, rádio e jornais) se mostrou letal para os regimes concentradores de poder.
A Al Jazeera, por ser uma canal de notícias 24 horas de língua árabe, que atinge 40 milhões de pessoas, coletava e organizava o conteúdo bruto e imediato que os cidadãos vinham compartilhando em todos os países e disponibilizava todo esse conteúdo para telespectadores da maneira mais rápida possível. Sua cobertura da revolução permitiu que pessoas que não tinham acesso a computadores vissem, também, o conteúdo digital produzido pelos seus vizinhos e conterrâneos.
As mídias tradicionais trabalharam em conjunto com as digitais, páginas do Facebook que informavam os horários e datas dos protestos no Cairo eram impressas e distribuídas de mão em mão entre os egípcios, para mobilizar aqueles sem acesso à internet. O link abaixo é de um documentário produzido pela TV Cultura que apresenta um bom panorama dos acontecimentos.
Clica e vai!